terça-feira, 4 de novembro de 2014

Câncer de próstata

O movimento internacional conhecido como NOVEMBRO AZUL, é comemorado em todo o mundo como forma de chamar a atenção dos homens para a importância da prevenção do câncer de próstata. Seu objetivo principal é mudar os hábitos e atitudes do público masculino em relação a sua saúde e seu corpo, incentivando assim, o diagnóstico precoce da doença.

A próstata é uma glândula que tem tamanho equivalente a uma noz, em um adulto jovem. Sua localização é considerada muito delicada, pois, anatomicamente, ela se situa abaixo da bexiga e ao redor da uretra. Ela tem importante papel na fase reprodutiva do homem, por produzir parte do líquido seminal, responsável pelo auxílio ao transporte dos espermatozoides.
     
A próstata pode crescer e causar sintomas por três motivos: a Hiperplasia benigna da próstata (HBP), Prostatite e Câncer de próstata.
     
A hiperplasia benigna da próstata é um tumor benigno muito frequente e comum nos homens com mais de 60 anos. Ocorre em 80% dos homens idosos. Na realidade, a hiperplasia se deve ao crescimento excessivo e não maligno das células que compõem a próstata. Seu crescimento provoca dificuldade para urinar, com diminuição do calibre e da força do jato urinário, como também dificuldade de se iniciar o ato de urinar e certo descontrole no seu término, gerando uma sensação de não esvaziamento da bexiga.
     
Prostatite quer dizer processo inflamatório da próstata. Este pode ter diversas causas infecciosas ou não infecciosas. Ao longo da vida, cerca de 10% dos homens têm pelo menos um episodio de sintomas sugestivos de prostatite. Em muitos casos, estes episódios são recorrentes, em alguns frequentes e, raramente, as queixas podem persistir quase continuamente ao longo de períodos muito prolongados.
     
O câncer de próstata assume especial significado por gerar impactos físicos e psíquicos, particularmente nos homens da terceira idade, já que sua incidência aumenta, significativamente, após os 65 anos. Como o câncer da próstata costuma ter crescimento lento e permanecendo assintomático, por muitos anos, muitos idosos têm a doença e não sabem.
     
No estado avançado da doença, além dos sintomas normais do envelhecimento, semelhante ao da hiperplasia prostática, apresenta também micção frequente, fluxo urinário fraco ou interrompido, impotência, sangue no líquido seminal, dor ou ardor durante a micção, fraqueza ou dormência nas pernas ou pés e perda do controle da bexiga ou intestino devido à pressão do tumor sobre a medula espinhal. Se a doença se disseminou, o homem pode apresentar sintomas como dor nas costas, quadris, coxas, ombros ou outros ossos.
     
A detecção precoce do câncer de próstata se dá, inicialmente, por meio dos exames do Toque Retal e PSA (exame de sangue específico da próstata), e é um importante meio para se reduzir as taxas de morbidade e mortalidade. O tratamento em fase inicial do tumor tem 80% de cura. Quando há um histórico familiar onde o pai, irmão ou tio tiveram um câncer de próstata, recomenda-se iniciar os exames a partir de 40 anos e, aos 45 anos, sem incidência familiar.
     
Infelizmente, muitos homens não procuram um médico por falta de informação, de esclarecimento á respeito da doença. Outros temem estar com a doença, sentem-se inseguros e, na maioria das vezes, vergonha do exame de toque, por despertar um sentimento de impotência.
     
Acredito que os homens tenham medo do toque pelo fato de envolver penetração, que pode estar associado à dor, tanto física quanto simbólica, ou como forma de violação. O exame de toque é um ato sério e completamente profissional.

     
Portanto, a melhor proteção contra a doença é o seu diagnostico precoce e, para isso, há necessidade de se consultar com regularidade um urologista. O exame de toque, por mais desconfortável que possa ser, é um exame simples, rápido e indolor. O quanto antes o câncer de próstata for diagnosticado, maior chances de cura e menor possibilidades de complicações.

HIV/Aids na terceira idade

A primeira vez que ouvi falar do HIV/Aids, se tratava de uma doença que atingia apenas homossexuais  masculinos. Nos anos seguintes, a doença se espalhou para os heterossexuais, mulheres, crianças e, hoje, de forma crescente, em pessoas idosas.

A Aids é uma doença causada pelo vírus HIV  bastante poderoso que, ao entrar no organismo, dirige-se à corrente sanguínea, atacando o sistema imunológico, destruindo as células defensoras do organismo e deixando a pessoa infectada mais debilitada e sensível a outras doenças. Ainda não existe vacina para a prevenção, e a contaminação pode se dar através do sangue, esperma e secreção vaginal ou transfusão de sangue contaminado.
     
A contaminação acontece, em sua grande maioria, através do contato sexual. Infelizmente, a população idosa não está consciente da necessidade do uso de preservativo em suas relações sexuais. Falta de informação sobre como usar, e também, o mito de que o preservativo pode prejudicar a ereção são motivos pelos quais as pessoas idosas não aderem ao seu uso. Muitos homens temem perder a ereção e/ou não possuem habilidades para coloca-la.
     
Já as mulheres idosas ou com mais de 50 anos não sentem a necessidade do uso de preservativo, pois o têm como método contraceptivo e não correm risco de engravidar. Como agravante, as mudanças no corpo da mulher em decorrência do envelhecimento, fazem com que as paredes vaginais se tornem mais finas e ressecadas, abrindo espaço para ferimentos e, consequentemente, contaminação por esta e outras doenças sexualmente transmissíveis.
     
A fragilidade do sistema imunológico em pessoas com mais de 60 anos dificulta o diagnostico de infecção por HIV. Com o envelhecimento, algumas doenças tornam-se comuns, e os sintomas da Aids podem ser confundidos com outras infecções. Muitas vezes, tanto a pessoa idosa quanto os profissionais de saúde tendem a não pensar na doença, havendo negligência. O diagnóstico tardio permite o aparecimento de infecções cada vez mais graves comprometendo a saúde mental, em estado avançado, dificultando também o tratamento com medicamentos antirretrovirais.
     
O impacto na saúde mental pode acontecer desde o momento do diagnóstico positivo. O medo da morte, por exemplo, pode levar à depressão e ao isolamento. Esses momentos merecem receber atenção especial, pois afetam não só as questões emocionais como também seu sistema imunológico. Distúrbios de comportamento como depressão, agitação, dependência e abuso de álcool, drogas e tabaco, entre outros, são frequentes em soropositivo. O diagnóstico precoce é fundamental para oferecer maior qualidade de vida, visto que, permite o acompanhamento da doença antes mesmo de surgirem os sintomas.
     
A falta de concentração, atenção e memória fraca, chamados distúrbios cognitivos, também podem estar associados ao HIV e tem evolução bem variada.
     
Quanto antes começar o tratamento, mais o soropositivo ganha em qualidade de vida. Por isso, recomenda-se fazer o teste. É rápido, seguro e pode ser feito em qualquer unidade pública de saúde.  
     
O uso da camisinha é fundamental em todas as relações sexuais para evitar a reinfecção por vírus já resistentes aos medicamentos. Além disso, ela protege de outras doenças sexualmente transmissíveis como hepatite e sífilis, evitando maiores complicações.
     
Você pode conviver normalmente com uma pessoa portadora do HIV ou da Aids. Pode beija-la, abraça-la, dar carinho e compartilhar do mesmo espaço físico sem ter medo de pegar o vírus. Quanto mais respeito e carinho você der, melhor será a resposta ao tratamento. O convívio social é muito importante para o aumento da autoestima e, consequentemente, faz com que elas cuidem melhor da saúde. O respeito, o carinho e o amor, principalmente dos familiares, é de fundamental importância.

    
Conclui-se que, enquanto os serviços de saúde não englobarem os idosos como sujeitos coautores das ações direcionadas à prevenção da Aids, poucos serão os avanços na luta contra a epidemia. São necessários, portanto, esforços dos órgãos de saúde, por meio de programas específicos, e dos profissionais de saúde, que devem buscar o olhar sobre o idoso, incluindo sua sexualidade, para que possam contribuir para uma melhor qualidade de vida deste segmento populacional.

A Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer é a causa mais comum da grave e progressiva perda de memória recente e habilidade de pensar em pessoas sadias de meia idade e idosos. Apesar de mais comum entre os de mais de 65 anos, pode ocorrer no início da terceira idade.

A doença afeta mais mulheres do que homens e ocorre em todos os países em que as pessoas vivem mais por superar outras doenças. Trata-se de uma doença cerebral e não de envelhecimento normal. Não se sabe ao certo por que é ocasionada e, por isso, não há métodos de prevenção ou cura.

O diagnóstico é feito geralmente com base no tipo de memória, personalidade e capacidade de julgamento do paciente, e a maneira pela qual essa capacidade piora com o tempo. A doença inicia-se lentamente, sendo difícil determinar o período exato em que principiou. O diagnóstico positivo só é possível a partir de estudo realizado com tecido cerebral após a morte (em autópsia).

A evolução da Doença de Alzheimer pode ser muito longa, ocorrendo em três estágios: Leve – Moderada – Grave. De grau leve para o estágio mais grave pode levar até 12 anos.

Na fase inicial, é comum o paciente perceber pequenos esquecimentos; diminuição da memória e a perda das habilidades. Pode apresentar dificuldades na fala e na construção de frases completas. As memorias mais antigas geralmente não são afetadas, enquanto existe dificuldade de se lembrar de coisas que aconteceram há pouco tempo atrás. Como as pessoas percebem seus problemas nesta fase inicial, ele pode ficar irritado, triste e depressivo. A atenção, cuidado e carinho dos familiares neste estágio são muito importantes para evitar o aprofundamento de sintomas como tristeza e isolamento.

Na fase intermediária, os problemas se agravam. O esquecimento avança e pode também abranger memórias mais antigas. A capacidade de compreender uma situação mais complexa ou resolver tarefas do cotidiano fica cada vez mais comprometida. Nesta fase, podem aparecer dificuldades na percepção, na leitura ou na compreensão de falas, como também, surgir alucinações. Pode desenvolver medo exagerado de amaça, roubo e mau trato. Muitas vezes, ele não sabe ou entende mais onde está, que dia é, que horas são. Normalmente não reconhece mais ou confunde as pessoas ao seu redor. Pode alterar fases de muita agitação e inquietude com fases de letargia e apatia.

Já na fase tardia, o paciente deixa de perceber essas perdas, pois possivelmente perdeu sua capacidade de lembra-las. Deixa para trás sua história, perde sua própria identidade.  A capacidade de fala se reduz ao uso de palavras isoladas ou partes de frases. Muitas vezes não fala mais. Geralmente não compreende o que outras pessoas dizem para ele. Nesta fase, se torna totalmente dependente e precisa de cuidados constantes.

Embora a Doença de Alzheimer não seja curável ou reversível, existem formas de aliviar os sintomas e o sofrimento do paciente. É importante que o familiar e/ou cuidador: estabeleça rotinas no dia a dia, mantendo a normalidade; incentive a independência, faça com ele e não por ele; evite confrontos, qualquer tipo de conflito pode causar estresse desnecessário em vocês; mantenha uma conversa simples e um humor saudável e respeitoso, ele ajuda a diminuir o estresse; mantenha a comunicação de forma clara e pausadamente,  olhando nos seus olhos com atenção, respeitando suas dificuldades e limitações; demostre amor através do contato físico; preste atenção na linguagem corporal – pessoas que perdem a comunicação verbal comunicam-se muito com os gestos; respeite seus limites, suas vontades e opiniões; respeite sua dignidade e sua intimidade, tanto na hora do banho como ao trocar sua roupa, tenha o cuidado de fechar a porta e a janela para que ele fique mais à vontade; acompanhe e supervisione o momento da refeição e não discuta sobre a veracidade do que ele está vendo ou ouvindo, tente identificar a causa da “alucinação”. Verifique com o médico sobre eventuais medicamentos que estão sendo usados e que podem estar contribuindo para o problema.

A psicoterapia é importante no sentido de minimizar o sofrimento causado pela síndrome depressiva ou pelas perturbações de ansiedade, típico da fase inicial da doença, em que o doente sente perder o controle das situações relacionado com o seu problema.

O objetivo da psicoterapia é estimular a autoestima, reduzir os sentimentos de ansiedade e depressão, ajuda-lo a ter mais autonomia e a evitar a perda de controle, como também, auxiliar e preparar os familiares para lidar com a doença, proporcionando uma melhor qualidade de vida e, contudo, retardar a evolução doença.


A Doença de Alzheimer sempre surge a partir de uma depressão. Acredita-se que experiências dolorosas e angustiantes que pessoas idosas enfrentam, remete para o “desejo de esquecer”. A ideia do desejo de esquecimento dá sentido ao estranhamento desse distúrbio. Em outras palavras, isso nos remete à hipótese de que o esquecimento da Doença de Alzheimer pode ser um mecanismo de defesa.

Isolamento social na terceira idade

Muitas vezes encontramos pessoas idosas sozinhas, mesmo quando rodeadas de parentes ou amigos. Delas podemos ouvir relatos de angústia, limitações, dores sem explicação e falta de atividades no seu dia a dia. As queixas costumam ser mais intensas naquelas que perderam o cônjuge ou pessoas muito próximas.

Alguns problemas não decorrem exclusivamente do envelhecimento biológico. É algo mais profundo que uma desaceleração metabólica ou diminuição hormonal. A exclusão, seja ela social ou afetiva, é também responsável pelas alterações corporais nos idosos. Além de aumentar o risco de morte, pode contribuir para o desenvolvimento de doenças infecciosas e cardiovasculares; o aumento da pressão arterial e do hormônio do estresse (cortisol), e a deterioração do funcionamento cerebral.

Na questão social, a aposentadoria leva o idoso ao isolamento diante da sensação de inutilidade. Para eles, principalmente para os homens, deixar de trabalhar significa deixar de ser útil e capaz de comandar sua própria vida, o isolamento funciona como uma válvula de escape.

O convívio em sociedade e em família permite a troca de carinho, experiências, ideias, sentimentos, conhecimentos, dúvidas, além de uma troca permanente de afeto.

Considerando a questão afetiva, uma das coisas mais desagradáveis e dolorosas é a indiferença familiar. Muitas vezes, não é o idoso que se isola, é a família que o deixa de lado.

Com o passar do tempo, o individuo idoso perde a posição de comando e decisão que estava acostumado a exercer, e as relações entre pais e filhos modificam-se. Consequentemente, as pessoas idosas tornam-se cada vez mais dependentes, e uma reversão de papeis se estabelece. Os filhos geralmente passam a ter responsabilidade pelos pais, mas muitas vezes se esquecem de uma das mais importantes necessidades: a de serem ouvidos. Os pais, quando manifestam a vontade de conversar, percebem que os filhos não têm tempo de escutar as suas preocupações.

O ambiente familiar pode determinar as características e o comportamento do idoso. Assim, na família suficientemente sadia, onde se predomina uma atmosfera saudável e harmoniosa entre as pessoas, possibilita o crescimento de todos, incluindo o idoso, pois todos possuem funções, papeis, lugares e posições e as diferenças de cada um são respeitadas e levadas em consideração.

Nas famílias onde existe o excesso de zelo, o idoso torna-se progressivamente dependente, sobrecarregando a própria família com tarefas executadas para o idoso, onde na maioria das vezes, ele mesmo poderia estar realizando. Esse processo gera um ciclo vicioso, tornando-o mais dependente.

Por outro lado, em família onde há desarmonia, falta de respeito e não conhecimento de limites, o relacionamento é carregado de frustrações, com indivíduos deprimidos e agressivos. Essas características promovem retrocesso na vida das pessoas. O idoso torna-se isolado socialmente e com medo de cometer erros e ser punido.

Neste caso, é preciso que todos os que convivem com o idoso se sensibilize e perceba que “deixa-lo de lado” pode trazer consequências graves em função da sensação de abandono: para se ter uma ideia da gravidade do problema, mais da metade dos idosos atendidos no consultório apresentam doenças típicas de quem está sofrendo emocionalmente. São quadros clínicos diversos, motivados por solidão e tristeza.

A frustração sempre nos traz acanhamento, medo; enquanto a satisfação nos realiza e nos leva a querer mais. A melhora da autoestima nos devolve a vontade de viver.

O simples fato de um idoso passar a ajudar em pequenas coisas pode mudar completamente sua visão de mundo e contribuir para o seu bem estar. Tarefas como por a mesa para o café traz satisfações ligadas aos sentimentos de ser útil à família. A partir e um movimento simples e corriqueiro, como o de colaborar nos afazeres domésticos, uma pessoa recupera a motivação. O desejo de realizar tarefas pode gerar novas conexões nervosas proporcionando um grande bem estar.


Portanto, devemos ter o idoso como membro atuante dentro da sociedade, integrando-o a ambientes sociais. Respeitar suas vontades e desejos pode fazer com que ele se expresse de forma mais eficaz. No momento em que ele tiver liberdade para se expressar e puder realizar os seus desejos, poderá assumir uma nova postura, uma nova colocação dentro do convívio social e familiar.

"Delirium" na pessoa idosa. O que fazer?

Familiares quando estão diante de uma pessoa idosa com delirium tendem a interpretar a situação como sendo de um quadro de demência ou próprio “da idade”, expressando frases como: “mamãe não está dizendo coisa com coisa”; “acho que o vovô está ficando gagá”, ou então, “é assim mesmo, quando agente envelhece vai ficando assim, meio fraco da cabeça”. Essas frases refletem uma dura realidade – o pouco reconhecimento que essa enfermidade tem entre os profissionais de saúde e, consequentemente, entre as pessoas da comunidade.

O delirium é um quadro de confusão mental aguda, que pode ocorrer em todas as idades, porém é mais comum em pessoas idosas. Ela é caracterizada por distúrbio global da cognição e atenção, redução do nível de consciência, redução ou aumento da atividade psicomotora e alteração do sono. Ou seja, é uma doença que pode ter várias causas, provoca alterações reversíveis no cérebro da pessoa, de forma a fazê-la ficar confusa, ora agitada, ora sonolenta, podendo trocar o dia pela noite.

Os sintomas aparecem de uma hora para outra (início súbito), variando de intensidade ao longo do dia, intercalando momentos de melhora e de piora. Observamos o momento de piora quando acorda, no final da tarde e principalmente durante a noite. É muito comum a pessoa idosa não reconhecer onde está e pedir para “ir embora”.

Muitas vezes, o delirium é a primeira manifestação de uma alteração aguda grave do estado de saúde da pessoa idosa, como uma infecção, principalmente pneumonia e infecção urinária; um infarto do coração ou um derrame. Pode acontecer também a partir da introdução de um novo medicamento, descontrole de doenças crônicas, mudança de ambiente, falta de dormir, desidratação e desnutrição. Toda vez que estivermos diante de uma pessoa idosa com delirium, ou confusão mental aguda, temos que ter em mente que se trata de uma situação de risco, cujas providências precisam ser tomadas rapidamente.

O delirium pode manifestar-se de três formas: hipoativo, quando a pessoa fica quieta e desatenta, sonolenta e com a fala lenta e pausada; hiperativo, quando a pessoa fica agitada e agressiva, podendo recusar tomar banho, alimentar-se e tomar remédios; misto, quando a pessoa fica ora agitada e agressiva, ora quieta e desatenta. É preciso presta muita atenção na forma hipoativa que, muitas vezes, não chama a atenção de cuidadores e familiares.

O primeiro passo diante de uma pessoa idosa com esses sintomas é encaminhá-la imediatamente para avaliação médica para a confirmação diagnóstica, tendo em vista que o delirium é uma condição de emergência médica.

Não se deve dar qualquer tipo de remédio sem a orientação médica, a não ser aqueles que já usa de rotina.

Nunca confrontar e nem conter fisicamente a pessoa idosa quando estiver confusa, isso de nada adianta para sua recuperação, pelo contrário, pode piorar ainda mais a sua confusão.

Óculos e próteses auditivas devem ser mantidos com a pessoa idosa.

Os horários de sono devem ser respeitados, com redução de ruídos e adequação dos horários de medicação, para proporcionar um sono ininterrupto.

Oferecer bastante líquido para evitar a desidratação, não espere a pessoa idosa queixar-se de sede, é bem provável que ela não o fará.

Caso a pessoa idosa esteja hospitalizada, é importante evitar trocas frequentes de acompanhantes. Se permitido pelo hospital, devem-se levar fotos de familiares e pessoas amigas, calendário e relógio para ajuda-la a se localizar no tempo e no espaço.

O delirium quando acontece uma vez, tem grande chance de se repetir, principalmente se ocorrer um evento semelhante ao que o desencadeou.

Portanto, os sintomas do delirium tendem a desaparecer assim que a doença é tratada. Alguns sintomas podem permanecer por mais tempo, mas com melhora dia após dia. Ter tido um episódio de delirium não significa que a pessoa idosa está ou ficará demente, a maioria melhora em algumas semanas. No caso de persistirem alguns sintomas por mais de três meses, principalmente de esquecimento para fatores recentes e alterações do comportamento, o idoso deverá ser reavaliado por um médico, pois poderá se tratar de um quadro inicial de demência. 

Quando o idoso não deve mais morar sozinho

Cresceu muito, nos últimos anos, o número de pessoas na terceira idade que estão morando sozinhas. Algumas preferem morar só por opção, por não abrir mão de sua casa, de sua privacidade e de seus hábitos. Outras, na maioria das vezes, não correspondem a uma decisão e sim a uma consequência da vida como, a perda do companheiro; por não ter tido filhos ou ausência deles em busca de novas oportunidades; parentes distantes, etc. Porém, isto não é problema quando se é ativa e independente, as dificuldades acentuam-se quando os problemas de saúde começam a interferir no seu dia a dia, colocando-as em risco.

Por mais independente que a pessoa seja durante toda a vida e até mesmo na velhice, chega um momento em que é arriscado continuar morando sozinha. Muitas vezes, ela mesma não se dá conta de que está na hora de ter alguém por perto para auxiliá-la nos afazeres domésticos, num momento de urgência e também para amenizar a solidão e a tristeza.

É importante que os familiares ou pessoas próximas fiquem atentos quanto aos ”sinais” no ambiente residencial e na vida diária do idoso. As dificuldades e o esquecimento podem ser percebidos em ações simples do cotidiano. Para tanto, é prudente observar:

- Se tem acúmulo de cartas na caixinha de correio, se as correspondências estão espalhadas e ou fechadas, se as contas foram quitadas no tempo determinado.

- Como está a higienização da casa, de suas roupas, a higiene pessoal.

- Se as plantas e animais domésticos estão abandonados.

- Se os alimentos da geladeira ainda podem ser consumidos, se há alimentos estragados ou fora do prazo de validade, se eles estão guardados de forma correta.

- Se têm panelas e panos de prato queimados, copos trincados.

- Se as consultas médicas estão em dia, se é capaz de reter informações e tomar decisões sobre suas necessidades de tratamento.

- Se os medicamentos de uso contínuo estão sendo consumidos de forma correta e no tempo previsto.

- As mudanças físicas como perda ou ganho de peso; aumento da fragilidade; diminuição nas atividades sociais, incluindo passeios com amigos; visitas a vizinhos ou participação a eventos religiosos e outras atividades de grupo.

- Se o colchão está manchado e com cheiro de urina. Isso pode ser indício de incontinência ou infecção urinária, muito comum na terceira idade e que compromete seriamente sua saúde. Muitos idosos costumam acreditar que o problema de urina está relacionado com a idade, isso não é verdade. O tratamento é necessário e urgente.

- Se tem manchas no corpo do idoso, o que podem significar quedas e escorregões. Ele pode estar caindo ou batendo nas quinas e maçanetas por falta de equilíbrio.

- Seu estado emocional, se o idoso está mais ansioso, agitado, com falta de paciência, agressivo ou se sente cada vez mais solitário, triste e deprimido.

- Se caso ainda dirige, acompanhe-o em uma viagem para conferir se ele se esqueceu de apertar o cinto de segurança ou de dar a seta antes de fazer uma curva; se apresenta sinais de preocupação, tensão ou distração durante a viagem; ou se existe marca de acidentes que possam indicar falta de atenção.

Como forma de segurança, observe seus calçados, se estão gastos ou soltos no pé; se há tapetes espalhados pela casa, principalmente sem antiderrapante; se o banheiro tem barra de proteção e cadeira; se as escadas tem corrimão; se tem móveis de quina ou no caminho dificultando sua passagem. Um fator muito importante a ser observado é se tem à sua disposição, uma luz ligada durante a noite, que o auxilie do quarto ao banheiro e um telefone próximo para qualquer emergência.

Entretanto, diante de todas essas observações os familiares chegarem à conclusão de que o idoso não pode mais morar sozinho, é preciso um diálogo franco e cuidadoso, conversar e explicar a situação de forma que ele não se sinta invadido ou ache que a família o vê como inútil.

A família precisa oferecer ajuda e mostrar que está contribuindo para o seu bem estar. O ideal é que algum familiar ou um cuidador com formação seja a sua companhia.  Ás vezes é viável que os familiares se revezem para deixar o idoso sempre acompanhado, preservando assim sua moradia, e fazendo com que, de certa forma, o idoso continue residindo sozinho, contando apenas com a presença de acompanhantes em escala. Isto resultará na diminuição dos riscos de acidentes e, consequentemente, numa menor preocupação por parte da família.


Portanto, é muito importante preservar a autonomia do idoso. Caso ele resista às mudanças, é importante que ele receba orientação de um profissional especializado com finalidade de mostrar de forma segura, a necessidade de ter alguém por perto para auxiliá-lo em caso de urgência e que a preocupação de sua família é para o seu próprio bem, por ele ser uma pessoa amada e que merece carinho e atenção.

Insônia na terceira idade

As queixas em relação ao sono são extremamente comuns entre a população, principalmente entre os idosos. A insônia é um sintoma que pode ser definido como a dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, presença de sono não reparador, ou seja, insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar durante o dia e com o comprometimento consequente do desempenho nas atividades diurnas.

Queixas comuns como ‘”eu durmo pouco”, “eu acordo muito cedo” ou “eu tenho o sono muito leve” podem não significar necessariamente insônia. Algumas pessoas podem necessitar de menos horas de sono que outras, acordar mais durante a noite ou, ainda, dormir mais cedo e, consequentemente, despertar mais cedo. No entanto, se esses padrões de sono não têm nenhuma consequência no funcionamento diurno dessas pessoas, eles não são caracterizados como insônia e não devem ser trados como tal.
Por outro lado, a sonolência diurna excessiva não deve ser considerada uma característica normal do processo de envelhecimento e deve ser investigada.

De uma maneira geral, o sono nos idosos tende a apresentar uma duração menor, com aproximadamente seis horas em média, levar mais tempo para adormecer e a ser mais “leve”, atingindo menos os estágios mais profundos do sono e apresentando mais despertares. Além disso, existe uma tendência à ocorrência de cochilos à tarde. Porém, isso não significa que todos os idosos necessitem de menos tempo de sono ou que, normalmente, ficam sonolentos durante o dia.

Com o envelhecimento, a prevalência de doenças crônicas aumenta e algumas delas podem interferir na qualidade do sono por diversas razões. Uma condição comum entre os idosos é a depressão, que deve ser sempre investigada em indivíduos com queixa de insônia.

Alguns medicamentos podem prejudicar o sono como também doenças específicas como a apneia e a síndrome das pernas inquietas e o mioclônus noturno.

A apneia é muito comum com uma incidência de até 20% da população idosa. Consiste na ocorrência de vários episódios breves de pausa dos movimentos respiratórios, causados pelo relaxamento da musculatura faríngea com o sono. Ela é mais comum em homens obesos, principalmente com o pescoço curto e apresenta roncos intensos interrompidos por episódios de pausas na respiração durante o sono. O reconhecimento da apneia do sono é importante, pois ela está associada à ocorrência de hipertensão e arritmias cardíacas, e o uso de sedativos pode piorar os episódios de apneia.

A síndrome das pernas inquietas caracteriza-se por um desconforto intenso nas pernas durante a noite, quando se está em repouso. Geralmente surge uma vontade intensa de se levantar e caminhar para aliviar o desconforto e isso pode interferir no início do sono.
Já o mioclônus noturno consiste na ocorrência de movimentos involuntários nas pernas, semelhante a “abalos” que podem ser numerosos e causar despertares breves, o que torna o sono superficial.

Para ter um bom sono, é preciso ter um padrão regular de sono, isto é, dormir e acordar em horários fixos, e que dormir faça parte de um ritual. Certos hábitos como o de acordar em horários irregulares do cochilar à tarde, podem interferir no estabelecimento desse padrão de sono-vigília. Há ainda outras condições que interferem no início do sono, como assistir à televisão na cama, tentar dormir quando se está sem sono ou, ainda, fazer uso de bebidas alcoólicas, chás ou cafés. O consumo de bebidas alcoólicas no período da noite pode causar relaxamento e sonolência inicial, mas o álcool prejudica a arquitetura normal do sono, tornando-o mais superficial. Além disso, bebidas contendo cafeína, como chá e café, são estimulantes e devem ser evitados à noite.

É importante exercitar-se regularmente pelo menos 20 minutos de preferência 4 a 5 horas antes de dormir; evitar o fumo especialmente à noite; não ir para a cama com fome e sem sono. Procurar utilizar a cama apenas para dormir e praticar sexo.

Várias técnicas de relaxamento podem melhorar a qualidade do sono como o relaxamento muscular progressivo, a meditação, a ioga e o tai-chi. Além disso, a exposição regular à claridade do dia, mesmo em dias nublados, por 30 a 60 minutos diariamente reforça o relógio biológico e facilita o início do sono à noite. Essa prática é particularmente útil em idosos com demência moderada ou avançada, em que existe uma fragmentação do ciclo sono-vigília.


Portanto, a falta de sono prejudica as atividades durante o dia, atrapalha a memória e pode agravar episódios de depressão. As queixas de sono (excesso ou falta) não devem ser avaliadas isoladamente, pois, em grande parte das vezes, os problemas do sono são decorrentes de outros problemas de saúde, como, já citados, a depressão, uso de remédios que atrapalham o sono, horários inconstantes de deitar e acordar, problemas urinários noturnos e, inclusive, alimentação noturna exagerada. 

Desafios da aposentadoria

Quando se trata de “envelhecimento”, um assunto muito abordado é a questão da aposentadoria, pois esta não garante uma boa qualidade de vida para os idosos, apesar de ser um direito conquistado pelos trabalhadores.

Muitos são os desafios da aposentadoria, principalmente num país que é repleto de desigualdades sociais. Grande parte da adaptação à aposentadoria irá depender do envolvimento de cada indivíduo com o trabalho, da sua história de vida e de como ele deseja viver seus próximos anos, suas expectativas e suas limitações.

Aprendemos desde cedo que “o trabalho dignifica o homem” e esse ditado popular parece tão enraizado que acabamos por construir grande parte da nossa identidade em função dele.

O afastamento do trabalho provocado pela aposentadoria talvez seja a perda mais importante na vida social das pessoas. Muitos gostam do que fazem, da empresa e/ou das relações sociais do ambiente de trabalho e não desejam se aposentar. Outros querem se aposentar, mas querem continuar a ter uma atividade profissional. Para muitos, parar de trabalhar significa acelerar o processo de empobrecimento, uma vez que, o valor de sua aposentadoria, na maioria das vezes, é inferior aos seus ganhos durante o período produtivo. Outros tiveram oportunidade de realizar algumas economias e, mesmo existindo certa euforia ao dizer que irão realizar vários projetos, talvez não saibam detalhar seus desejos na hora da aposentadoria. A verdade é que, mesmo para os que desejam se aposentar e tenham planos para o futuro, é comum o surgimento de ansiedade ao lidar com essa nova possibilidade, principalmente porque sabem que a aposentadoria poderá provocar uma série de mudanças.

A adaptação à aposentadoria difere no homem e na mulher. Geralmente, a mulher parece se dividir melhor entre as várias funções na sociedade (como esposa, avó, mãe e filha) e a ausência do trabalho poderá não ser tão significativa. O homem, por outro lado, não tendo a supremacia do espaço doméstico socialmente criado para a mulher, busca outros espaços em que possa vivenciar esse seu tempo liberado. Entretanto, quando se refere a um trabalho que envolva realizações intelectuais, a perda pode ser tão drástica para o homem quanto para a mulher.

Muitas instituições realizam atividades ou Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA), com antecedência de dois a cinco anos, através de encontros periódicos, normalmente, mensais, onde abordam temas como educação, trabalho e produtividade com o objetivo de prepara-los para o afastamento do trabalho remunerado.

Os aposentados que não se preparam, geralmente desenvolvem sintomas depressivos em função das dificuldades que se encontram de refazer seus projetos de vida de uma maneira produtiva e socialmente útil. Com a autoestima diminuída, desencadeia um sentimento de fracasso pessoal e, portanto, não conseguem entender que esse é um processo socialmente produzido.

Muitos fatores podem dificultar uma aposentadoria ou uma velhice tranquila, dentre elas: a maneira distorcida que a sociedade impõe aos aposentados e aos velhos de serem improdutivos e inativos, gerando um sentimento de menos valia, ferindo sua autoimagem e os colocando numa posição inferior aos outros cidadãos, ditos produtivos e ativos; o rompimento abrupto das relações sociais com os colegas, amigos e clientes do trabalho com os quais se conviveu durante décadas; a redução salarial que quase sempre ocorre quando se aposentam, limitando ainda mais a utilização criativa desse tempo útil, acentuando o sentimento de menos valia; a falta de atividades alternativas desenvolvidas ao longo da vida fora do âmbito do trabalho como lazer, frequência a clubes, trabalhos voluntários, vinculação a projetos sociais, hábitos esportivos, viagens, atividades religiosas, etc., e a falta de preparação familiar para receber em tempo integral aquele ou aquela que muitas vezes esteve ausente grande parte do dia, na busca da manutenção da família.

A proposta de atuação da psicologia para a aposentadoria não visa apenas tratar dos “sintomas” ou doenças que surgem de aposentados mal sucedidos. Objetiva, primeiramente, atuar de forma preventiva, trabalhando os aspectos psicológicos de evolução da carreira, percebendo cada sujeito como diferente, pois cada um alcançará o momento da aposentadoria de forma desigual.


Portanto, as estratégias de trabalho precisam ser pensadas criativamente no sentido de discutir o problema e buscar alternativas para a melhoria do bem estar, o resgate da dignidade e a ampliação da sua consciência como sujeito socialmente produzido. O papel do Psicólogo /Gerontólogo é fundamental na preparação para a aposentadoria ou à intervenção junto aos idosos aposentados que apresentam sintomas depressivos. As intervenções partem de uma escuta atenta e reflexiva sobre os aspectos positivos e negativos dessa nova etapa, para que haja um enfrentamento mais consciente, tranquilo, e que também habilite as pessoas a aumentar o controle sobre sua vida e sobre sua saúde tanto física quanto mental.

Cuidados básicos para os idosos no inverno

Está chegando o inverno e com ele o perigo de algumas doenças mais comuns nesta época do ano. No inverno o ar fica mais frio e seco. Esta mudança climática irrita as vias respiratórias facilitando a ação dos vírus. Desta forma o organismo fica mais susceptível a doenças como resfriado, gripe, laringite, bronquite e pneumonia. Os idosos devem ter um cuidado ainda maior já que possuem um sistema imunológico mais frágil.

Muitas vezes a falta de informação é o inimigo da saúde. A melhor maneira de cuidar ainda é a prevenção. Certos cuidados simples podem reduzir muito as chances de eles adquirirem essas doenças.

Em primeiro lugar, é importante manter o ambiente domiciliar bem arejado, com boa circulação de ar; lavar cobertores e roupas de inverno que estejam guardados há muito tempo, tomando o cuidado de secá-los à exposição do sol e limpar os ambientes diariamente para não acumular poeira.

Evitar permanecer em ambientes fechados com muita aglomeração de pessoas por muito tempo e, principalmente, evitar contato direto com pessoas resfriadas ou gripadas.

Evitar fumar ou estar em ambientes próximos de fumantes.

Quanto à alimentação, é importante que seja reforçada em vitaminas C e D; manter uma dieta rica em verduras, legumes, especialmente de cor verde, frutas, de preferência laranja, acerola, maçã, sucos caseiros de laranja com acerola, laranja com cenoura e ingerir bastante líquido.

A automedicação além de não ajudar, pode piorar a saúde. Alguns medicamentos para o tratamento dos sintomas do resfriado e da gripe possuem, na sua composição, substâncias que podem desencadear na pessoa idosa, hipertensão arterial, arritmias cardíacas e sonolência. Evitar da mesma forma o uso de antibióticos e outros medicamentos controlados sem receita ou advindos de outras pessoas, “cada caso é um caso”, e em vez de fazer bem poderá piorar ainda mais o quadro de saúde. Para sua segurança, procure um médico assim que apresentar os sintomas.

Referindo-se à higiene pessoal, é necessário lavar bem as mãos, principalmente antes das refeições, depois de chegar da rua e após usar o banheiro. Procurar tomar o banho durante o dia, evitar passar muito tempo no chuveiro e preferir banhos com água morna, não muito quente. Usar hidratantes neutros e sabonetes a base de glicerina. Nos dias mais frios a pele pode ressecar, podendo causar rachaduras e servir de porta de entrada para possíveis infecções. O protetor solar, mesmo com o sol mais ameno, não deve ser dispensado.

Usar roupas quentes, que estejam bem limpas e livres de ácaros; exponha sempre ao sol, isso ajuda no combate desses “bichinhos” alérgicos.

Evitar mudanças bruscas de temperaturas; sair de um lugar muito quente e ir para um lugar frio, ou vice versa; alimentar-se com alimentos muito quentes e depois, logo em seguida, ingerir um muito frio; expor-se às correntes de ar muito frias, nada disso pode fazer bem.

Caso tenha em casa aparelho de ar condicionado, mantê-los revisados e limpos.

Fazer exercícios físicos moderados regularmente, não ficar muito tempo parado se tiver condições de caminhar.

Controlar o estresse, pois pessoas estressadas contraem gripe e resfriado com facilidade devido à queda do sistema imunológico.

Não se esquecer de manter a vacina contra a gripe em dia.

Portanto, mesmo com todos esses cuidados a infecção aparecer, busque o tratamento devido num serviço de saúde e, lembre-se, um simples resfriado no idoso pode se transformar numa pneumonia se não tratado adequadamente.

Idosos que vivem em uma instituição de longa permanência

É muito polêmico e complexo falar sobre este tema, mas, infelizmente, não podemos fechar os olhos para essa dura realidade que é: “afastar a pessoa idosa, fragilizada, carente e dependente de seu mundo real, deixando-a longe de tudo e, principalmente, de seus amores”.

Apesar da Política Nacional do Idoso e do Estatuto do Idoso definirem como obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso a convivência familiar e comunitária, nem todos os idosos e nem todas as famílias reúnem as condições para manter o idoso em casa. Quando não há essa possibilidade, entra em cena as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), casa de repouso, clínica de repouso, lar dos velhinhos e outras tantas nomenclaturas.

A institucionalização, normalmente é uma decisão da família e, na maioria das vezes, são seus próprios filhos que determinam essa condição. A maioria dos idosos apresentam problemas de saúde, necessitando de cuidados especiais, às vezes permanentes, por terem perdido sua autonomia e/ou independência ou por serem portadores de doenças crônicas. Ainda há os que lá se encontram por não possuírem família ou terem sido abandonados por elas, por não terem quem os cuide ou um local onde morar e, também, por falta de condições econômicas. O abandono é um motivo expressivo e principal do asilamento. O abandono pode provocar um estado emocional de desamparo, solidão e exclusão; gerar ansiedade, tristeza, e até mesmo a  depressão. Esse estado emocional advém pelo fato de a pessoa estar afastada fisicamente da família ou das pessoas de convívio próximo, privando de suas relações de afeto.

É importante ressaltar que o abandono familiar é diferente da família não ter condições de assumir o cuidado com o idoso. Abandono é provocado por circunstâncias relativas à fragilidade, ao rompimento ou ausência das relações afetivas e sociais da família com o idoso institucionalizado.

É comum os profissionais de instituições referirem às famílias de forma extremamente negativa, acusando-os de negligenciar os contatos com o idoso ou fugir de compromissos assumidos com os responsáveis pela internação. Entretanto, deve-se pensar que nem todas as famílias sentem afeto e senso de responsabilidade pelo idoso. Além disso, pode haver problemas de relacionamento familiar nunca resolvido, o que não justifica a ausência e o abandono visto que, o perdão é o sentimento mais nobre do ser humano.

Infelizmente, à medida que o tempo de asilamento aumenta, os laços familiares se fragilizam levando, aos poucos, ao esquecimento dos idosos, se fazendo presente nas datas especiais e comemorativas. Os idosos  passam a se tornar membro de uma nova comunidade convivendo cotidianamente com pessoas que não possuem qualquer vínculo afetivo. Independentemente da qualidade da instituição, ocorre o afastamento da vida “normal”. Eles, por sua vez, mudam radicalmente seus interesses e passam a considerar a visita de seus familiares como fator mais importante de suas vidas.

Mesmo que a instituição atenda às necessidades assistenciais do idoso, o asilo não se apresenta como sendo o ambiente mais adequado para que eles envelheçam em pleno convívio social, pois se tornam limitados ao convívio entre si, não participando da sociedade e, contudo, são obrigados a se adaptar e aceitar normas e regulamentos da instituição como horários e alimentação, por exemplo.

Nas instituições asilares privadas, preferencialmente chamadas como casas geriátricas ou hotel-residência para idosos, os idosos são individualizados e possuem uma dieta individual e adequada, com atividades recreativas, por exemplo. Entretanto, seu custo é muito elevado.

Já nos asilos públicos, onde se encaixa a maioria dos asilados, o tratamento não se realiza do mesmo modo. Além da maioria deles não possuir um número de profissionais qualificados para a prestação dos serviços, existe a falta de estrutura do local, o espaço é restrito como pátios ou jardins para a deambulação dos pacientes e realização de atividades recreativas; poucos quartos, não permitindo a individualidade; a dieta oferecida muitas vezes não é correta; entre outros que não favorece o bem-estar e uma boa qualidade de vida aos idosos.

Contudo, é importante preservar a vida do idoso no ambiente familiar, pois, o contato com a família permite que os idosos se mantenham próximos ao seu meio natural de vida (a própria família). Além disso, este contato preserva o seu autoconhecimento, valores e critérios, mas, quando este convívio não é possível, se faz necessário a inclusão da família na instituição asilar.

A inclusão da família é fundamental para a qualidade do cuidado. Cuidar é uma ação direcionada às necessidades do outro. Para cuidar, é necessário estar aberto, receptivo, sendo capaz de sensibilizar-se com os problemas e situações do outro, sejam elas possíveis de resolução ou não, mas que, certamente, sempre poderão ser escutadas. De alguma forma, todas as pessoas são capazes de cuidar, independente de formação, de conhecimento ou de habilidades, o que confere à família um lugar importante e ativo na atenção prestada ao idoso institucionalizado.


Portanto, essa participação tem efeitos positivos principalmente na saúde dos idosos, porque, quando a família está presente, os aspectos emocionais deles tornam-se melhores. Eles ficam mais alegres e colaborativos. Muitas vezes o que falta na ILPI para atender as necessidades integrais dos idosos, são a presença e a referência que a família representa, a competência da família para prover proteção, afeto e apoio emocional, bem como continuar mantendo os laços familiares.

Como lidar com pessoas em fase terminal

Quando referimos à fase terminal, normalmente pensamos em pessoas idosas por já ter vivido grande parte de sua vida. Caminhamos em direção à morte todos os dias desde o nascimento. Apesar de pensarmos pouco nela, não há quem não almeje um fim de vida tranquilo e sem sofrimentos. A fase terminal não chega apenas para a pessoa idosa e sim para qualquer pessoa que se encontra num estado grave de doença para a qual não é mais possível pensar em cura e cuja evolução caminha para a morte.

A pessoa que enfrenta uma doença terminal costuma sentir muita dor, muitas vezes ligada à própria doença, à imobilidade e também ao fato de estar acamada. Além da dor física, sente uma solidão enorme, associada à depressão e a um sentimento de “vazio”, e, na maioria das vezes, um medo muito intenso marcado por emoções negativas como a tristeza, a ansiedade e a revolta.

A pessoa que cuida do seu ente querido vive de perto seus sofrimentos e sofre ao pensar nas   consequências que sua ausência pode acarretar – como, por exemplo, a dor da perda, o sentimento de abandono, a insegurança diante de uma nova realidade financeira, sentimentos de culpa, remorso,  além de temer em padecer do mesmo mal no futuro. Todas estas situações podem trazer muita tristeza, o que afeta negativamente na relação do dia a dia, justo no momento em que ele precisa de atenção e acolhimento em sua dor.

Muitas vezes, a pessoa doente tem consciência do que está acontecendo com ela, sendo assim, é importante ajudar na aceitação da doença, e não fingir que está tudo bem. Deve apoiar a vontade que ela tem em viver da forma mais normal possível, sem permitir comportamentos que possam ser prejudiciais para a sua atual condição. Deve também ajudar a desabafar seus medos, resolver questões pendentes e ficar em paz consigo mesmo e com seus familiares para ter uma morte mais tranquila e humana.

O medo do abandono, do desconhecido, de deixar aqueles que mais ama e até o medo da vida para além da morte são emoções reais que devem ser identificadas, reconhecidas e expressas. A pessoa pode não saber o que dizer, mas talvez, nesta altura, o que mais precise é alguém que esteja ao seu lado e que a ouça. Disponibilize-se para ouvir e falar sempre que ela quiser.

Às vezes, nem é preciso falar, basta um forte abraço ou estarem de mãos dadas enquanto partilha outra atividade, como ver um filme ou dar um passeio. O conforto físico, o amor e o carinho são muito importantes; alguns estudos mostram que as expectativas e os pensamentos positivos podem trazer grandes benefícios físicos e emocionais para a pessoa em estado terminal.

Referindo-se a uma pessoa idosa, a família fica diretamente afetada, principalmente quando a patologia já a acompanha há muitos anos, como nas doenças crônicas, a Doença de Alzheimer, etc. Além disso, se torna necessário uma readaptação na vida dos familiares para se adequarem à realidade do idoso, o que acaba prejudicando mais alguns que outros. Estas diferenças são ainda mais complicadas quando a família é desunida, quando há poucas pessoas para cuidar ou quando o idoso doente não foi bom pai ou boa mãe anteriormente, afastando ainda mais a família, gerando inimizade e deixando-o ainda mais deprimido.

Independente do seu estado de consciência é importante que a família evite ter reações de desentendimento, discussões desnecessárias, desinteresse, má vontade, choro e desespero na presença do idoso, pois estas reações emocionais podem deixa-lo ainda mais abalado.

Evite também assuntos referentes a dinheiro, gastos com o tratamento e divisão de bens. Deixe este para resolver depois de sua morte.

É importante entender a situação difícil que ele está passando e respeitar seu estado de humor diferenciado, que muitas vezes pode irritar familiares. Respeite sua agressividade, sua dor física e psíquica, sua tristeza, seu silêncio e seus medos.

Fale menos e ouça mais. Respeite quando ele quiser ficar quieto e ouça o que ele tem a dizer. Às vezes, quando o idoso fala de sua própria morte, o cuidador se angustia e corta o assunto, o que não é benéfico para ele. Por mais difícil que seja ouvir esses assuntos, deixe-o falar sobre sua situação e seus medos, esta é uma necessidade da pessoa no estado terminal.

É muito importante que os familiares fiquem próximos do idoso, neste momento, ele quer se sentir acolhido por aqueles que ele tanto quer bem. É comum a pessoa no estado terminal ter o desejo de reconciliar com aquelas que, no passado, tiveram algumas desavenças, mágoas e ressentimentos, auxilie-o para que consiga realizar suas últimas vontades.


Contudo, é importante buscar ajuda de pessoas amigas, familiares e até mesmo de um profissional para dar suporte emocional, facilitar a aceitação e favorecer o fim da convivência.