terça-feira, 4 de novembro de 2014

Insônia na terceira idade

As queixas em relação ao sono são extremamente comuns entre a população, principalmente entre os idosos. A insônia é um sintoma que pode ser definido como a dificuldade em iniciar e/ou manter o sono, presença de sono não reparador, ou seja, insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar durante o dia e com o comprometimento consequente do desempenho nas atividades diurnas.

Queixas comuns como ‘”eu durmo pouco”, “eu acordo muito cedo” ou “eu tenho o sono muito leve” podem não significar necessariamente insônia. Algumas pessoas podem necessitar de menos horas de sono que outras, acordar mais durante a noite ou, ainda, dormir mais cedo e, consequentemente, despertar mais cedo. No entanto, se esses padrões de sono não têm nenhuma consequência no funcionamento diurno dessas pessoas, eles não são caracterizados como insônia e não devem ser trados como tal.
Por outro lado, a sonolência diurna excessiva não deve ser considerada uma característica normal do processo de envelhecimento e deve ser investigada.

De uma maneira geral, o sono nos idosos tende a apresentar uma duração menor, com aproximadamente seis horas em média, levar mais tempo para adormecer e a ser mais “leve”, atingindo menos os estágios mais profundos do sono e apresentando mais despertares. Além disso, existe uma tendência à ocorrência de cochilos à tarde. Porém, isso não significa que todos os idosos necessitem de menos tempo de sono ou que, normalmente, ficam sonolentos durante o dia.

Com o envelhecimento, a prevalência de doenças crônicas aumenta e algumas delas podem interferir na qualidade do sono por diversas razões. Uma condição comum entre os idosos é a depressão, que deve ser sempre investigada em indivíduos com queixa de insônia.

Alguns medicamentos podem prejudicar o sono como também doenças específicas como a apneia e a síndrome das pernas inquietas e o mioclônus noturno.

A apneia é muito comum com uma incidência de até 20% da população idosa. Consiste na ocorrência de vários episódios breves de pausa dos movimentos respiratórios, causados pelo relaxamento da musculatura faríngea com o sono. Ela é mais comum em homens obesos, principalmente com o pescoço curto e apresenta roncos intensos interrompidos por episódios de pausas na respiração durante o sono. O reconhecimento da apneia do sono é importante, pois ela está associada à ocorrência de hipertensão e arritmias cardíacas, e o uso de sedativos pode piorar os episódios de apneia.

A síndrome das pernas inquietas caracteriza-se por um desconforto intenso nas pernas durante a noite, quando se está em repouso. Geralmente surge uma vontade intensa de se levantar e caminhar para aliviar o desconforto e isso pode interferir no início do sono.
Já o mioclônus noturno consiste na ocorrência de movimentos involuntários nas pernas, semelhante a “abalos” que podem ser numerosos e causar despertares breves, o que torna o sono superficial.

Para ter um bom sono, é preciso ter um padrão regular de sono, isto é, dormir e acordar em horários fixos, e que dormir faça parte de um ritual. Certos hábitos como o de acordar em horários irregulares do cochilar à tarde, podem interferir no estabelecimento desse padrão de sono-vigília. Há ainda outras condições que interferem no início do sono, como assistir à televisão na cama, tentar dormir quando se está sem sono ou, ainda, fazer uso de bebidas alcoólicas, chás ou cafés. O consumo de bebidas alcoólicas no período da noite pode causar relaxamento e sonolência inicial, mas o álcool prejudica a arquitetura normal do sono, tornando-o mais superficial. Além disso, bebidas contendo cafeína, como chá e café, são estimulantes e devem ser evitados à noite.

É importante exercitar-se regularmente pelo menos 20 minutos de preferência 4 a 5 horas antes de dormir; evitar o fumo especialmente à noite; não ir para a cama com fome e sem sono. Procurar utilizar a cama apenas para dormir e praticar sexo.

Várias técnicas de relaxamento podem melhorar a qualidade do sono como o relaxamento muscular progressivo, a meditação, a ioga e o tai-chi. Além disso, a exposição regular à claridade do dia, mesmo em dias nublados, por 30 a 60 minutos diariamente reforça o relógio biológico e facilita o início do sono à noite. Essa prática é particularmente útil em idosos com demência moderada ou avançada, em que existe uma fragmentação do ciclo sono-vigília.


Portanto, a falta de sono prejudica as atividades durante o dia, atrapalha a memória e pode agravar episódios de depressão. As queixas de sono (excesso ou falta) não devem ser avaliadas isoladamente, pois, em grande parte das vezes, os problemas do sono são decorrentes de outros problemas de saúde, como, já citados, a depressão, uso de remédios que atrapalham o sono, horários inconstantes de deitar e acordar, problemas urinários noturnos e, inclusive, alimentação noturna exagerada. 

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