terça-feira, 4 de novembro de 2014

Quando o idoso não deve mais morar sozinho

Cresceu muito, nos últimos anos, o número de pessoas na terceira idade que estão morando sozinhas. Algumas preferem morar só por opção, por não abrir mão de sua casa, de sua privacidade e de seus hábitos. Outras, na maioria das vezes, não correspondem a uma decisão e sim a uma consequência da vida como, a perda do companheiro; por não ter tido filhos ou ausência deles em busca de novas oportunidades; parentes distantes, etc. Porém, isto não é problema quando se é ativa e independente, as dificuldades acentuam-se quando os problemas de saúde começam a interferir no seu dia a dia, colocando-as em risco.

Por mais independente que a pessoa seja durante toda a vida e até mesmo na velhice, chega um momento em que é arriscado continuar morando sozinha. Muitas vezes, ela mesma não se dá conta de que está na hora de ter alguém por perto para auxiliá-la nos afazeres domésticos, num momento de urgência e também para amenizar a solidão e a tristeza.

É importante que os familiares ou pessoas próximas fiquem atentos quanto aos ”sinais” no ambiente residencial e na vida diária do idoso. As dificuldades e o esquecimento podem ser percebidos em ações simples do cotidiano. Para tanto, é prudente observar:

- Se tem acúmulo de cartas na caixinha de correio, se as correspondências estão espalhadas e ou fechadas, se as contas foram quitadas no tempo determinado.

- Como está a higienização da casa, de suas roupas, a higiene pessoal.

- Se as plantas e animais domésticos estão abandonados.

- Se os alimentos da geladeira ainda podem ser consumidos, se há alimentos estragados ou fora do prazo de validade, se eles estão guardados de forma correta.

- Se têm panelas e panos de prato queimados, copos trincados.

- Se as consultas médicas estão em dia, se é capaz de reter informações e tomar decisões sobre suas necessidades de tratamento.

- Se os medicamentos de uso contínuo estão sendo consumidos de forma correta e no tempo previsto.

- As mudanças físicas como perda ou ganho de peso; aumento da fragilidade; diminuição nas atividades sociais, incluindo passeios com amigos; visitas a vizinhos ou participação a eventos religiosos e outras atividades de grupo.

- Se o colchão está manchado e com cheiro de urina. Isso pode ser indício de incontinência ou infecção urinária, muito comum na terceira idade e que compromete seriamente sua saúde. Muitos idosos costumam acreditar que o problema de urina está relacionado com a idade, isso não é verdade. O tratamento é necessário e urgente.

- Se tem manchas no corpo do idoso, o que podem significar quedas e escorregões. Ele pode estar caindo ou batendo nas quinas e maçanetas por falta de equilíbrio.

- Seu estado emocional, se o idoso está mais ansioso, agitado, com falta de paciência, agressivo ou se sente cada vez mais solitário, triste e deprimido.

- Se caso ainda dirige, acompanhe-o em uma viagem para conferir se ele se esqueceu de apertar o cinto de segurança ou de dar a seta antes de fazer uma curva; se apresenta sinais de preocupação, tensão ou distração durante a viagem; ou se existe marca de acidentes que possam indicar falta de atenção.

Como forma de segurança, observe seus calçados, se estão gastos ou soltos no pé; se há tapetes espalhados pela casa, principalmente sem antiderrapante; se o banheiro tem barra de proteção e cadeira; se as escadas tem corrimão; se tem móveis de quina ou no caminho dificultando sua passagem. Um fator muito importante a ser observado é se tem à sua disposição, uma luz ligada durante a noite, que o auxilie do quarto ao banheiro e um telefone próximo para qualquer emergência.

Entretanto, diante de todas essas observações os familiares chegarem à conclusão de que o idoso não pode mais morar sozinho, é preciso um diálogo franco e cuidadoso, conversar e explicar a situação de forma que ele não se sinta invadido ou ache que a família o vê como inútil.

A família precisa oferecer ajuda e mostrar que está contribuindo para o seu bem estar. O ideal é que algum familiar ou um cuidador com formação seja a sua companhia.  Ás vezes é viável que os familiares se revezem para deixar o idoso sempre acompanhado, preservando assim sua moradia, e fazendo com que, de certa forma, o idoso continue residindo sozinho, contando apenas com a presença de acompanhantes em escala. Isto resultará na diminuição dos riscos de acidentes e, consequentemente, numa menor preocupação por parte da família.


Portanto, é muito importante preservar a autonomia do idoso. Caso ele resista às mudanças, é importante que ele receba orientação de um profissional especializado com finalidade de mostrar de forma segura, a necessidade de ter alguém por perto para auxiliá-lo em caso de urgência e que a preocupação de sua família é para o seu próprio bem, por ele ser uma pessoa amada e que merece carinho e atenção.

Nenhum comentário: