Familiares quando estão diante de uma pessoa idosa com delirium tendem a interpretar a situação
como sendo de um quadro de demência ou próprio “da idade”, expressando frases
como: “mamãe não está dizendo coisa com coisa”; “acho que o vovô está ficando
gagá”, ou então, “é assim mesmo, quando agente envelhece vai ficando assim,
meio fraco da cabeça”. Essas frases refletem uma dura realidade – o pouco
reconhecimento que essa enfermidade tem entre os profissionais de saúde e,
consequentemente, entre as pessoas da comunidade.
O delirium é um quadro de confusão mental
aguda, que pode ocorrer em todas as idades, porém é mais comum em pessoas
idosas. Ela é caracterizada por distúrbio global da cognição e atenção, redução
do nível de consciência, redução ou aumento da atividade psicomotora e
alteração do sono. Ou seja, é uma doença que pode ter várias causas, provoca
alterações reversíveis no cérebro da pessoa, de forma a fazê-la ficar confusa,
ora agitada, ora sonolenta, podendo trocar o dia pela noite.
Os sintomas
aparecem de uma hora para outra (início súbito), variando de intensidade ao
longo do dia, intercalando momentos de melhora e de piora. Observamos o momento
de piora quando acorda, no final da tarde e principalmente durante a noite. É
muito comum a pessoa idosa não reconhecer onde está e pedir para “ir embora”.
Muitas vezes,
o delirium é a primeira manifestação
de uma alteração aguda grave do estado de saúde da pessoa idosa, como uma
infecção, principalmente pneumonia e infecção urinária; um infarto do coração
ou um derrame. Pode acontecer também a partir da introdução de um novo
medicamento, descontrole de doenças crônicas, mudança de ambiente, falta de
dormir, desidratação e desnutrição. Toda vez que estivermos diante de uma
pessoa idosa com delirium, ou
confusão mental aguda, temos que ter em mente que se trata de uma situação de
risco, cujas providências precisam ser tomadas rapidamente.
O delirium pode manifestar-se de três
formas: hipoativo, quando a pessoa fica quieta e desatenta, sonolenta e com a
fala lenta e pausada; hiperativo, quando a pessoa fica agitada e agressiva,
podendo recusar tomar banho, alimentar-se e tomar remédios; misto, quando a
pessoa fica ora agitada e agressiva, ora quieta e desatenta. É preciso presta
muita atenção na forma hipoativa que, muitas vezes, não chama a atenção de
cuidadores e familiares.
O primeiro
passo diante de uma pessoa idosa com esses sintomas é encaminhá-la
imediatamente para avaliação médica para a confirmação diagnóstica, tendo em
vista que o delirium é uma condição
de emergência médica.
Não se deve
dar qualquer tipo de remédio sem a orientação médica, a não ser aqueles que já
usa de rotina.
Nunca confrontar e nem conter fisicamente a
pessoa idosa quando estiver confusa, isso de nada adianta para sua recuperação,
pelo contrário, pode piorar ainda mais a sua confusão.
Óculos e
próteses auditivas devem ser mantidos com a pessoa idosa.
Os horários de sono devem ser respeitados, com
redução de ruídos e adequação dos horários de medicação, para proporcionar um
sono ininterrupto.
Oferecer
bastante líquido para evitar a desidratação, não espere a pessoa idosa
queixar-se de sede, é bem provável que ela não o fará.
Caso a pessoa
idosa esteja hospitalizada, é importante evitar trocas frequentes de
acompanhantes. Se permitido pelo hospital, devem-se levar fotos de familiares e
pessoas amigas, calendário e relógio para ajuda-la a se localizar no tempo e no
espaço.
O delirium quando acontece uma vez, tem
grande chance de se repetir, principalmente se ocorrer um evento semelhante ao
que o desencadeou.
Portanto, os
sintomas do delirium tendem a
desaparecer assim que a doença é tratada. Alguns sintomas podem permanecer por
mais tempo, mas com melhora dia após dia. Ter tido um episódio de delirium não significa que a pessoa
idosa está ou ficará demente, a maioria melhora em algumas semanas. No caso de
persistirem alguns sintomas por mais de três meses, principalmente de
esquecimento para fatores recentes e alterações do comportamento, o idoso
deverá ser reavaliado por um médico, pois poderá se tratar de um quadro inicial
de demência.
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