terça-feira, 4 de novembro de 2014

"Delirium" na pessoa idosa. O que fazer?

Familiares quando estão diante de uma pessoa idosa com delirium tendem a interpretar a situação como sendo de um quadro de demência ou próprio “da idade”, expressando frases como: “mamãe não está dizendo coisa com coisa”; “acho que o vovô está ficando gagá”, ou então, “é assim mesmo, quando agente envelhece vai ficando assim, meio fraco da cabeça”. Essas frases refletem uma dura realidade – o pouco reconhecimento que essa enfermidade tem entre os profissionais de saúde e, consequentemente, entre as pessoas da comunidade.

O delirium é um quadro de confusão mental aguda, que pode ocorrer em todas as idades, porém é mais comum em pessoas idosas. Ela é caracterizada por distúrbio global da cognição e atenção, redução do nível de consciência, redução ou aumento da atividade psicomotora e alteração do sono. Ou seja, é uma doença que pode ter várias causas, provoca alterações reversíveis no cérebro da pessoa, de forma a fazê-la ficar confusa, ora agitada, ora sonolenta, podendo trocar o dia pela noite.

Os sintomas aparecem de uma hora para outra (início súbito), variando de intensidade ao longo do dia, intercalando momentos de melhora e de piora. Observamos o momento de piora quando acorda, no final da tarde e principalmente durante a noite. É muito comum a pessoa idosa não reconhecer onde está e pedir para “ir embora”.

Muitas vezes, o delirium é a primeira manifestação de uma alteração aguda grave do estado de saúde da pessoa idosa, como uma infecção, principalmente pneumonia e infecção urinária; um infarto do coração ou um derrame. Pode acontecer também a partir da introdução de um novo medicamento, descontrole de doenças crônicas, mudança de ambiente, falta de dormir, desidratação e desnutrição. Toda vez que estivermos diante de uma pessoa idosa com delirium, ou confusão mental aguda, temos que ter em mente que se trata de uma situação de risco, cujas providências precisam ser tomadas rapidamente.

O delirium pode manifestar-se de três formas: hipoativo, quando a pessoa fica quieta e desatenta, sonolenta e com a fala lenta e pausada; hiperativo, quando a pessoa fica agitada e agressiva, podendo recusar tomar banho, alimentar-se e tomar remédios; misto, quando a pessoa fica ora agitada e agressiva, ora quieta e desatenta. É preciso presta muita atenção na forma hipoativa que, muitas vezes, não chama a atenção de cuidadores e familiares.

O primeiro passo diante de uma pessoa idosa com esses sintomas é encaminhá-la imediatamente para avaliação médica para a confirmação diagnóstica, tendo em vista que o delirium é uma condição de emergência médica.

Não se deve dar qualquer tipo de remédio sem a orientação médica, a não ser aqueles que já usa de rotina.

Nunca confrontar e nem conter fisicamente a pessoa idosa quando estiver confusa, isso de nada adianta para sua recuperação, pelo contrário, pode piorar ainda mais a sua confusão.

Óculos e próteses auditivas devem ser mantidos com a pessoa idosa.

Os horários de sono devem ser respeitados, com redução de ruídos e adequação dos horários de medicação, para proporcionar um sono ininterrupto.

Oferecer bastante líquido para evitar a desidratação, não espere a pessoa idosa queixar-se de sede, é bem provável que ela não o fará.

Caso a pessoa idosa esteja hospitalizada, é importante evitar trocas frequentes de acompanhantes. Se permitido pelo hospital, devem-se levar fotos de familiares e pessoas amigas, calendário e relógio para ajuda-la a se localizar no tempo e no espaço.

O delirium quando acontece uma vez, tem grande chance de se repetir, principalmente se ocorrer um evento semelhante ao que o desencadeou.

Portanto, os sintomas do delirium tendem a desaparecer assim que a doença é tratada. Alguns sintomas podem permanecer por mais tempo, mas com melhora dia após dia. Ter tido um episódio de delirium não significa que a pessoa idosa está ou ficará demente, a maioria melhora em algumas semanas. No caso de persistirem alguns sintomas por mais de três meses, principalmente de esquecimento para fatores recentes e alterações do comportamento, o idoso deverá ser reavaliado por um médico, pois poderá se tratar de um quadro inicial de demência. 

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