terça-feira, 4 de novembro de 2014

Como lidar com pessoas em fase terminal

Quando referimos à fase terminal, normalmente pensamos em pessoas idosas por já ter vivido grande parte de sua vida. Caminhamos em direção à morte todos os dias desde o nascimento. Apesar de pensarmos pouco nela, não há quem não almeje um fim de vida tranquilo e sem sofrimentos. A fase terminal não chega apenas para a pessoa idosa e sim para qualquer pessoa que se encontra num estado grave de doença para a qual não é mais possível pensar em cura e cuja evolução caminha para a morte.

A pessoa que enfrenta uma doença terminal costuma sentir muita dor, muitas vezes ligada à própria doença, à imobilidade e também ao fato de estar acamada. Além da dor física, sente uma solidão enorme, associada à depressão e a um sentimento de “vazio”, e, na maioria das vezes, um medo muito intenso marcado por emoções negativas como a tristeza, a ansiedade e a revolta.

A pessoa que cuida do seu ente querido vive de perto seus sofrimentos e sofre ao pensar nas   consequências que sua ausência pode acarretar – como, por exemplo, a dor da perda, o sentimento de abandono, a insegurança diante de uma nova realidade financeira, sentimentos de culpa, remorso,  além de temer em padecer do mesmo mal no futuro. Todas estas situações podem trazer muita tristeza, o que afeta negativamente na relação do dia a dia, justo no momento em que ele precisa de atenção e acolhimento em sua dor.

Muitas vezes, a pessoa doente tem consciência do que está acontecendo com ela, sendo assim, é importante ajudar na aceitação da doença, e não fingir que está tudo bem. Deve apoiar a vontade que ela tem em viver da forma mais normal possível, sem permitir comportamentos que possam ser prejudiciais para a sua atual condição. Deve também ajudar a desabafar seus medos, resolver questões pendentes e ficar em paz consigo mesmo e com seus familiares para ter uma morte mais tranquila e humana.

O medo do abandono, do desconhecido, de deixar aqueles que mais ama e até o medo da vida para além da morte são emoções reais que devem ser identificadas, reconhecidas e expressas. A pessoa pode não saber o que dizer, mas talvez, nesta altura, o que mais precise é alguém que esteja ao seu lado e que a ouça. Disponibilize-se para ouvir e falar sempre que ela quiser.

Às vezes, nem é preciso falar, basta um forte abraço ou estarem de mãos dadas enquanto partilha outra atividade, como ver um filme ou dar um passeio. O conforto físico, o amor e o carinho são muito importantes; alguns estudos mostram que as expectativas e os pensamentos positivos podem trazer grandes benefícios físicos e emocionais para a pessoa em estado terminal.

Referindo-se a uma pessoa idosa, a família fica diretamente afetada, principalmente quando a patologia já a acompanha há muitos anos, como nas doenças crônicas, a Doença de Alzheimer, etc. Além disso, se torna necessário uma readaptação na vida dos familiares para se adequarem à realidade do idoso, o que acaba prejudicando mais alguns que outros. Estas diferenças são ainda mais complicadas quando a família é desunida, quando há poucas pessoas para cuidar ou quando o idoso doente não foi bom pai ou boa mãe anteriormente, afastando ainda mais a família, gerando inimizade e deixando-o ainda mais deprimido.

Independente do seu estado de consciência é importante que a família evite ter reações de desentendimento, discussões desnecessárias, desinteresse, má vontade, choro e desespero na presença do idoso, pois estas reações emocionais podem deixa-lo ainda mais abalado.

Evite também assuntos referentes a dinheiro, gastos com o tratamento e divisão de bens. Deixe este para resolver depois de sua morte.

É importante entender a situação difícil que ele está passando e respeitar seu estado de humor diferenciado, que muitas vezes pode irritar familiares. Respeite sua agressividade, sua dor física e psíquica, sua tristeza, seu silêncio e seus medos.

Fale menos e ouça mais. Respeite quando ele quiser ficar quieto e ouça o que ele tem a dizer. Às vezes, quando o idoso fala de sua própria morte, o cuidador se angustia e corta o assunto, o que não é benéfico para ele. Por mais difícil que seja ouvir esses assuntos, deixe-o falar sobre sua situação e seus medos, esta é uma necessidade da pessoa no estado terminal.

É muito importante que os familiares fiquem próximos do idoso, neste momento, ele quer se sentir acolhido por aqueles que ele tanto quer bem. É comum a pessoa no estado terminal ter o desejo de reconciliar com aquelas que, no passado, tiveram algumas desavenças, mágoas e ressentimentos, auxilie-o para que consiga realizar suas últimas vontades.


Contudo, é importante buscar ajuda de pessoas amigas, familiares e até mesmo de um profissional para dar suporte emocional, facilitar a aceitação e favorecer o fim da convivência.

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