Quando
referimos à fase terminal, normalmente pensamos em pessoas idosas por já ter
vivido grande parte de sua vida. Caminhamos em direção à morte todos os dias
desde o nascimento. Apesar de pensarmos pouco nela, não há quem não almeje um
fim de vida tranquilo e sem sofrimentos. A fase terminal não chega apenas para
a pessoa idosa e sim para qualquer pessoa que se encontra num estado grave de
doença para a qual não é mais possível pensar em cura e cuja evolução caminha
para a morte.
A pessoa que
enfrenta uma doença terminal costuma sentir muita dor, muitas vezes ligada à
própria doença, à imobilidade e também ao fato de estar acamada. Além da dor
física, sente uma solidão enorme, associada à depressão e a um sentimento de
“vazio”, e, na maioria das vezes, um medo muito intenso marcado por emoções
negativas como a tristeza, a ansiedade e a revolta.
A pessoa que
cuida do seu ente querido vive de perto seus sofrimentos e sofre ao pensar
nas consequências que sua ausência pode
acarretar – como, por exemplo, a dor da perda, o sentimento de abandono, a
insegurança diante de uma nova realidade financeira, sentimentos de culpa, remorso, além de temer em padecer do mesmo mal no
futuro. Todas estas situações podem trazer muita tristeza, o que afeta
negativamente na relação do dia a dia, justo no momento em que ele precisa de
atenção e acolhimento em sua dor.
Muitas vezes, a
pessoa doente tem consciência do que está acontecendo com ela, sendo assim, é
importante ajudar na aceitação da doença, e não fingir que está tudo bem. Deve
apoiar a vontade que ela tem em viver da forma mais normal possível, sem
permitir comportamentos que possam ser prejudiciais para a sua atual condição.
Deve também ajudar a desabafar seus medos, resolver questões pendentes e ficar
em paz consigo mesmo e com seus familiares para ter uma morte mais tranquila e
humana.
O medo do
abandono, do desconhecido, de deixar aqueles que mais ama e até o medo da vida
para além da morte são emoções reais que devem ser identificadas, reconhecidas
e expressas. A pessoa pode não saber o que dizer, mas talvez, nesta altura, o
que mais precise é alguém que esteja ao seu lado e que a ouça. Disponibilize-se
para ouvir e falar sempre que ela quiser.
Às vezes, nem
é preciso falar, basta um forte abraço ou estarem de mãos dadas enquanto
partilha outra atividade, como ver um filme ou dar um passeio. O conforto
físico, o amor e o carinho são muito importantes; alguns estudos mostram que as
expectativas e os pensamentos positivos podem trazer grandes benefícios físicos
e emocionais para a pessoa em estado terminal.
Referindo-se a
uma pessoa idosa, a família fica diretamente afetada, principalmente quando a
patologia já a acompanha há muitos anos, como nas doenças crônicas, a Doença de
Alzheimer, etc. Além disso, se torna necessário uma readaptação na vida dos
familiares para se adequarem à realidade do idoso, o que acaba prejudicando
mais alguns que outros. Estas diferenças são ainda mais complicadas quando a
família é desunida, quando há poucas pessoas para cuidar ou quando o idoso
doente não foi bom pai ou boa mãe anteriormente, afastando ainda mais a
família, gerando inimizade e deixando-o ainda mais deprimido.
Independente
do seu estado de consciência é importante que a família evite ter reações de
desentendimento, discussões desnecessárias, desinteresse, má vontade, choro e
desespero na presença do idoso, pois estas reações emocionais podem deixa-lo ainda
mais abalado.
Evite também
assuntos referentes a dinheiro, gastos com o tratamento e divisão de bens.
Deixe este para resolver depois de sua morte.
É importante
entender a situação difícil que ele está passando e respeitar seu estado de
humor diferenciado, que muitas vezes pode irritar familiares. Respeite sua
agressividade, sua dor física e psíquica, sua tristeza, seu silêncio e seus
medos.
Fale menos e
ouça mais. Respeite quando ele quiser ficar quieto e ouça o que ele tem a
dizer. Às vezes, quando o idoso fala de sua própria morte, o cuidador se
angustia e corta o assunto, o que não é benéfico para ele. Por mais difícil que
seja ouvir esses assuntos, deixe-o falar sobre sua situação e seus medos, esta
é uma necessidade da pessoa no estado terminal.
É muito
importante que os familiares fiquem próximos do idoso, neste momento, ele quer
se sentir acolhido por aqueles que ele tanto quer bem. É comum a pessoa no
estado terminal ter o desejo de reconciliar com aquelas que, no passado,
tiveram algumas desavenças, mágoas e ressentimentos, auxilie-o para que consiga
realizar suas últimas vontades.
Contudo, é
importante buscar ajuda de pessoas amigas, familiares e até mesmo de um
profissional para dar suporte emocional, facilitar a aceitação e favorecer o
fim da convivência.
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