É muito polêmico e complexo
falar sobre este tema, mas, infelizmente, não podemos fechar os olhos para essa
dura realidade que é: “afastar a pessoa idosa, fragilizada, carente e
dependente de seu mundo real, deixando-a longe de tudo e, principalmente, de
seus amores”.
Apesar da Política Nacional do Idoso e do
Estatuto do Idoso definirem como obrigação da família, da comunidade, da
sociedade e do poder público assegurar ao idoso a convivência familiar e
comunitária, nem todos os idosos e nem todas as famílias reúnem as condições
para manter o idoso em casa. Quando não há essa possibilidade, entra em cena as
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), casa de repouso, clínica
de repouso, lar dos velhinhos e outras tantas nomenclaturas.
A institucionalização, normalmente é uma
decisão da família e, na maioria das vezes, são seus próprios filhos que
determinam essa condição. A maioria dos idosos apresentam problemas de saúde,
necessitando de cuidados especiais, às vezes permanentes, por terem perdido sua
autonomia e/ou independência ou por serem portadores de doenças crônicas. Ainda
há os que lá se encontram por não possuírem família ou terem sido abandonados
por elas, por não terem quem os cuide ou um local onde morar e, também, por
falta de condições econômicas. O abandono é um motivo expressivo e principal do
asilamento. O abandono pode provocar um estado emocional de desamparo, solidão
e exclusão; gerar ansiedade, tristeza, e até mesmo a depressão. Esse estado emocional advém pelo
fato de a pessoa estar afastada fisicamente da família ou das pessoas de
convívio próximo, privando de suas relações de afeto.
É importante ressaltar que o abandono
familiar é diferente da família não ter condições de assumir o cuidado com o
idoso. Abandono é provocado por circunstâncias relativas à fragilidade, ao
rompimento ou ausência das relações afetivas e sociais da família com o idoso
institucionalizado.
É comum os profissionais de instituições
referirem às famílias de forma extremamente negativa, acusando-os de
negligenciar os contatos com o idoso ou fugir de compromissos assumidos com os
responsáveis pela internação. Entretanto, deve-se pensar que nem todas as
famílias sentem afeto e senso de responsabilidade pelo idoso. Além disso, pode
haver problemas de relacionamento familiar nunca resolvido, o que não justifica
a ausência e o abandono visto que, o perdão é o sentimento mais nobre do ser
humano.
Infelizmente, à medida que o tempo de
asilamento aumenta, os laços familiares se fragilizam levando, aos poucos, ao
esquecimento dos idosos, se fazendo presente nas datas especiais e
comemorativas. Os idosos passam a se
tornar membro de uma nova comunidade convivendo cotidianamente com pessoas que
não possuem qualquer vínculo afetivo. Independentemente da qualidade da
instituição, ocorre o afastamento da vida “normal”. Eles, por sua vez, mudam
radicalmente seus interesses e passam a considerar a visita de seus familiares
como fator mais importante de suas vidas.
Mesmo que a instituição atenda às
necessidades assistenciais do idoso, o asilo não se apresenta como sendo o
ambiente mais adequado para que eles envelheçam em pleno convívio social, pois
se tornam limitados ao convívio entre si, não participando da sociedade e,
contudo, são obrigados a se adaptar e aceitar normas e regulamentos da
instituição como horários e alimentação, por exemplo.
Nas instituições asilares privadas,
preferencialmente chamadas como casas geriátricas ou hotel-residência para
idosos, os idosos são individualizados e possuem uma dieta individual e
adequada, com atividades recreativas, por exemplo. Entretanto, seu custo é
muito elevado.
Já nos asilos públicos, onde se encaixa a
maioria dos asilados, o tratamento não se realiza do mesmo modo. Além da
maioria deles não possuir um número de profissionais qualificados para a
prestação dos serviços, existe a falta de estrutura do local, o espaço é
restrito como pátios ou jardins para a deambulação dos pacientes e realização
de atividades recreativas; poucos quartos, não permitindo a individualidade; a
dieta oferecida muitas vezes não é correta; entre outros que não favorece o
bem-estar e uma boa qualidade de vida aos idosos.
Contudo, é importante preservar a vida do
idoso no ambiente familiar, pois, o contato com a família permite que os idosos
se mantenham próximos ao seu meio natural de vida (a própria família). Além
disso, este contato preserva o seu autoconhecimento, valores e critérios, mas,
quando este convívio não é possível, se faz necessário a inclusão da família na
instituição asilar.
A inclusão da família é fundamental para a
qualidade do cuidado. Cuidar é uma ação direcionada às necessidades do outro.
Para cuidar, é necessário estar aberto, receptivo, sendo capaz de
sensibilizar-se com os problemas e situações do outro, sejam elas possíveis de
resolução ou não, mas que, certamente, sempre poderão ser escutadas. De alguma
forma, todas as pessoas são capazes de cuidar, independente de formação, de
conhecimento ou de habilidades, o que confere à família um lugar importante e
ativo na atenção prestada ao idoso institucionalizado.
Portanto, essa participação tem efeitos
positivos principalmente na saúde dos idosos, porque, quando a família está
presente, os aspectos emocionais deles tornam-se melhores. Eles ficam mais
alegres e colaborativos. Muitas vezes o que falta na ILPI para atender as
necessidades integrais dos idosos, são a presença e a referência que a família
representa, a competência da família para prover proteção, afeto e apoio
emocional, bem como continuar mantendo os laços familiares.
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