Dia 2 de
fevereiro perdemos um dos mais importantes cineasta do Brasil, Eduardo
Coutinho, aos 80 anos, assassinado pelo seu próprio filho. Segundo amigos e familiares,
o agressor tem problemas mentais, supostamente “esquizofrenia”, faz uso de
remédios controlados e é dependente de drogas.
Muitas vezes
os agressores dão sinais, só que, às vezes, por amor, por confiança e por
acreditar que o outro vai melhorar, as pessoas acabam, inconscientemente, como
um mecanismo de defesa, deixando essa primeira percepção de lado, e acreditam
que é tudo normal, que tudo vai passar e que as coisas vão melhorar.
A violência
familiar é considerada como a mais preocupante, já que as ocorrências de maus
tratos contra os idosos, na grande maioria, são relacionadas ao familiar e às
pessoas próximas, sendo, portanto, a mais difícil de ser controlada, pois se
relaciona aos vínculos afetivos e de convivência diária. É uma violência
calada, sofrida em silencio.
As primeiras
reações dos idosos, diante da violência doméstica, podem envolver sentimentos
de medo, vergonha e até mesmo, culpa pelo fracasso das relações, resultando
muitas vezes na omissão do fato e até mesmo à aceitação deste como
acontecimento natural das relações entre os membros da família. O medo faz com
que as testemunhas e as vítimas não denunciem os agressores, sendo ameaçados
com o uso de mais violência.
As marcas
deixadas pela agressão contra as vítimas idosas não são apenas físicas, são
também psicológicas e, às vezes, até morais. Parecem evidenciar o sentimento de
incapacidade em lidar com os filhos, os netos, o companheiro, e em enfrentar o
mundo que o cerca.
Infelizmente,
muitos desconhecem os serviços de assistência e proteção contra a violência e
não sabem como agir ou mesmo têm medo de pedir ajuda e não fazem a denúncia.
Do ponto de
vista global, sabe-se que a violência, os maus tratos, as agressões de um modo
geral, comprometem a saúde do idoso resultando em transtornos psíquicos com
agravo de doenças, aumento dos gastos com a saúde e até mesmo, morte prematura.
Referindo-se à
esquizofrenia (suposta patologia do filho do cineasta, em questão) é uma doença
psiquiátrica que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. Seus
primeiros sintomas manifestam-se no fim da adolescência e está associada a
fator hereditário. Normalmente, o portador começa a ficar mais apático e
deprimido. Sem cura, a doença tem entre suas características, confusão mental
com delírios, alucinações, audição de vozes, perda de memória e dificuldades de
fazer tarefas corriqueiras de forma organizada. São experiências que tira a
pessoa do mundo real e a coloca à parte.
Não quero
dizer, contudo que todo agressor seja esquizofrênico e nem que todo
esquizofrênico pratica atos de violência; mas sim, levantar a hipótese de que
esta doença pode ser um dos motivos de muitas agressões familiares. A violência
praticada por um esquizofrênico não acontece de uma hora para outra e, quando
acontece, é decorrente da falta de tratamento, de terapia ou medicação
inadequada. O risco de violência sobe para 30% quando consome álcool ou droga.
É importante
que os profissionais de saúde, cuidadores, parentes e amigos fiquem atentos. Os
idosos quando sofrem agressões ficam mais silenciosos, evitam contato com
pessoas próximas, evitam falar sobre seus familiares e muitas vezes entram em
depressão. É preciso ter coragem e denunciar e ou, no caso de doença, procurar
atendimento médico.
Portanto,
muita coisa pode ser feita para minimizar, reduzir ou cessar a violência contra
a pessoa idosa. Os diversos abusos, as violências, as negligências, as
violações dos direitos, as discriminações e os preconceitos que as pessoas
idosas sofrem, não só na família, mas na vida cotidiana precisam ser prevenidos
e superados. Todas essas formas de violência e maus tratos representam um grave
problema para o bem estar desse segmento etário. Os diversos abusos sofridos
podem até mesmo, levar à morte, como já disse. Não podemos concordar que
pessoas idosas sejam desrespeitadas e nem maltratadas. Isso não pode ocorrer no
silêncio dos lares e nem tampouco na vida pública. Pessoas idosas, a sociedade
civil e o Estado precisam ser parceiros para o rompimento do pacto do silêncio
que ainda impera na violência à pessoa idosa.
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