terça-feira, 4 de novembro de 2014

Demência frontotemporal

Manoel Carlos, autor da novela Em família, vem mais uma vez, abordar um assunto importante e delicado, conscientizando os telespectadores e ensinando-os como lidar com pessoas que sofrem da Demência Frontotemporal, interpretada pela atriz Ana Beatriz Nogueira (Selma, mãe do Laerte). Através deste artigo, venho reforçar um pouco mais, com uma orientação mais abrangente a respeito da doença.

Apesar de pouco frequente, a Demência Frontotemporal é uma doença degenerativa e incapacitante que se caracteriza principalmente por alterações do comportamento, da personalidade e da fala. A memória e as habilidades visuais e espaciais encontram-se relativamente preservadas, o que a distingue da Demência de Alzheimer. Cerca de 50% das pessoas comprometidas, têm historia familiar da doença. Os sintomas geralmente aparecem entre os 40 e os 65 anos de idade. A duração deste tipo de demência varia bastante.  Alguns pacientes deterioram-se rapidamente num período de 2 a 3 anos, enquanto outros mostram alterações mínimas durante muitos anos.

O primeiro sinal da demência é com a mudança de comportamento, dentre eles: a desinibição, ou seja, cumprimentar pessoas estranhas na rua, andar sem roupa pela casa, falar coisas impróprias na frente de estranhos; apatia ou falta de iniciativa para iniciar uma tarefa; sentimentalismo exagerado; negligência com a higiene pessoal; atitude de isolamento; comer de modo pouco educado, colocando muita comida na boca; aumento do apetite, dando preferência por alimentos doces; atos motores repetitivos como abrir e fechar gavetas ou ouvir a mesma música repetidas vezes; colecionar objetos inúteis como lixos, por exemplo; impulsividade e dificuldade em planejar, organizar e executar determinadas tarefas.

Outro sinal importante é a alteração da personalidade. As mudanças mais comuns associadas são a depressão, regressão, irritabilidade, desconfiança e impaciência. Também podem ocorrer alucinações, como por exemplo, ver coisas que não existem e ilusões, através de crenças irracionais.

O sinal mais perceptível dessa síndrome é o comprometimento da fala. O paciente acaba perdendo a capacidade de usar as palavras para expressar-se, não porque a memória tenha falhado, mas por causa da disfunção do lobo frontal. Com a evolução da doença, eles podem deixar de falar definitivamente. Esse comprometimento, em geral, evolui rapidamente e tende a ser mais intenso que o comprometimento da memória. Os problemas de memória aparecem mais tardiamente tornando difícil o diagnóstico da demência. 

As pessoas acometidas e seus familiares necessitam de uma orientação especial, uma vez que esta doença afeta os indivíduos numa idade em que ainda desfrutam de um estilo de vida preenchido e independente.


Quando o diagnostico é mencionado, parentes e cuidadores precisam primeiro aceitar o fato de que a doença não tem cura, e sim alternativas para amenizar e retardar seus efeitos. Além da administração de medicamentos específicos, que tem importante papel no controle dos sintomas, podem-se buscar diferentes intervenções que ofereçam possibilidade de prolongar ao máximo a qualidade de vida do portador e de todos envolvidos nesse processo. Estimular as habilidades cognitivas remanescentes, reeducar aquelas que estão em declínio, incentivar o convívio social, as atividades de lazer e tudo que é prazeroso. Contudo, parece ser benéfico não só para o portador como também a todos que convivem com ele, pois isso gera satisfação, alegria e atenua a dura realidade das limitações que crescem com o passar do tempo. É exatamente aí que a psicologia com seus diversos canais de acesso ao ser humano, tem espaço para a atuação.

Nenhum comentário: