Manoel Carlos, autor da novela Em família,
vem mais uma vez, abordar um assunto importante e delicado, conscientizando os
telespectadores e ensinando-os como lidar com pessoas que sofrem da Demência
Frontotemporal, interpretada pela atriz Ana Beatriz Nogueira (Selma, mãe do
Laerte). Através deste artigo, venho
reforçar um pouco mais, com uma orientação mais abrangente a respeito da
doença.
Apesar de pouco frequente, a Demência
Frontotemporal é uma doença degenerativa e incapacitante que se caracteriza
principalmente por alterações do comportamento, da personalidade e da fala. A
memória e as habilidades visuais e espaciais encontram-se relativamente
preservadas, o que a distingue da Demência de Alzheimer. Cerca de 50% das
pessoas comprometidas, têm historia familiar da doença. Os sintomas geralmente
aparecem entre os 40 e os 65 anos de idade. A duração deste tipo de demência
varia bastante. Alguns pacientes
deterioram-se rapidamente num período de 2 a 3 anos, enquanto outros mostram
alterações mínimas durante muitos anos.
O primeiro sinal da demência é com a
mudança de comportamento, dentre eles: a desinibição, ou seja, cumprimentar
pessoas estranhas na rua, andar sem roupa pela casa, falar coisas impróprias na
frente de estranhos; apatia ou falta de iniciativa para iniciar uma tarefa;
sentimentalismo exagerado; negligência com a higiene pessoal; atitude de
isolamento; comer de modo pouco educado, colocando muita comida na boca;
aumento do apetite, dando preferência por alimentos doces; atos motores
repetitivos como abrir e fechar gavetas ou ouvir a mesma música repetidas
vezes; colecionar objetos inúteis como lixos, por exemplo; impulsividade e
dificuldade em planejar, organizar e executar determinadas tarefas.
Outro sinal importante é a alteração da
personalidade. As mudanças mais comuns associadas são a depressão, regressão,
irritabilidade, desconfiança e impaciência. Também podem ocorrer alucinações,
como por exemplo, ver coisas que não existem e ilusões, através de crenças
irracionais.
O sinal mais perceptível dessa síndrome é
o comprometimento da fala. O paciente acaba perdendo a capacidade de usar as
palavras para expressar-se, não porque a memória tenha falhado, mas por causa
da disfunção do lobo frontal. Com a evolução da doença, eles podem deixar de
falar definitivamente. Esse comprometimento, em geral, evolui rapidamente e
tende a ser mais intenso que o comprometimento da memória. Os problemas de
memória aparecem mais tardiamente tornando difícil o diagnóstico da demência.
As pessoas acometidas e seus familiares
necessitam de uma orientação especial, uma vez que esta doença afeta os
indivíduos numa idade em que ainda desfrutam de um estilo de vida preenchido e
independente.
Quando o diagnostico é mencionado,
parentes e cuidadores precisam primeiro aceitar o fato de que a doença não tem
cura, e sim alternativas para amenizar e retardar seus efeitos. Além da
administração de medicamentos específicos, que tem importante papel no controle
dos sintomas, podem-se buscar diferentes intervenções que ofereçam
possibilidade de prolongar ao máximo a qualidade de vida do portador e de todos
envolvidos nesse processo. Estimular as habilidades cognitivas remanescentes,
reeducar aquelas que estão em declínio, incentivar o convívio social, as
atividades de lazer e tudo que é prazeroso. Contudo, parece ser benéfico não só
para o portador como também a todos que convivem com ele, pois isso gera
satisfação, alegria e atenua a dura realidade das limitações que crescem com o
passar do tempo. É exatamente aí que a psicologia com seus diversos canais de
acesso ao ser humano, tem espaço para a atuação.
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