Muitas vezes encontramos pessoas idosas sozinhas, mesmo
quando rodeadas de parentes ou amigos. Delas podemos ouvir relatos de angústia,
limitações, dores sem explicação e falta de atividades no seu dia a dia. As
queixas costumam ser mais intensas naquelas que perderam o cônjuge ou pessoas
muito próximas.
Alguns
problemas não decorrem exclusivamente do envelhecimento biológico. É algo mais
profundo que uma desaceleração metabólica ou diminuição hormonal. A exclusão,
seja ela social ou afetiva, é também responsável pelas alterações corporais nos
idosos. Além de aumentar o risco de morte, pode contribuir para o
desenvolvimento de doenças infecciosas e cardiovasculares; o aumento da pressão
arterial e do hormônio do estresse (cortisol), e a deterioração do
funcionamento cerebral.
Na questão
social, a aposentadoria leva o idoso ao isolamento diante da sensação de
inutilidade. Para eles, principalmente para os homens, deixar de trabalhar
significa deixar de ser útil e capaz de comandar sua própria vida, o isolamento
funciona como uma válvula de escape.
O convívio em sociedade e em família permite
a troca de carinho, experiências, ideias, sentimentos, conhecimentos, dúvidas,
além de uma troca permanente de afeto.
Considerando a
questão afetiva, uma das coisas mais desagradáveis e dolorosas é a indiferença
familiar. Muitas vezes, não é o idoso que se isola, é a família que o deixa de
lado.
Com o passar do tempo, o individuo idoso perde
a posição de comando e decisão que estava acostumado a exercer, e as relações
entre pais e filhos modificam-se. Consequentemente, as pessoas idosas tornam-se
cada vez mais dependentes, e uma reversão de papeis se estabelece. Os filhos
geralmente passam a ter responsabilidade pelos pais, mas muitas vezes se
esquecem de uma das mais importantes necessidades: a de serem ouvidos. Os pais, quando manifestam a vontade de
conversar, percebem que os filhos não têm tempo de escutar as suas
preocupações.
O ambiente
familiar pode determinar as características e o comportamento do idoso. Assim,
na família suficientemente sadia, onde se predomina uma atmosfera saudável e
harmoniosa entre as pessoas, possibilita o crescimento de todos, incluindo o
idoso, pois todos possuem funções, papeis, lugares e posições e as diferenças
de cada um são respeitadas e levadas em consideração.
Nas famílias
onde existe o excesso de zelo, o idoso torna-se progressivamente dependente, sobrecarregando
a própria família com tarefas executadas para o idoso, onde na maioria das
vezes, ele mesmo poderia estar realizando. Esse processo gera um ciclo vicioso,
tornando-o mais dependente.
Por outro
lado, em família onde há desarmonia, falta de respeito e não conhecimento de
limites, o relacionamento é carregado de frustrações, com indivíduos deprimidos
e agressivos. Essas características promovem retrocesso na vida das pessoas. O
idoso torna-se isolado socialmente e com medo de cometer erros e ser punido.
Neste caso, é
preciso que todos os que convivem com o idoso se sensibilize e perceba que “deixa-lo
de lado” pode trazer consequências graves em função da sensação de abandono:
para se ter uma ideia da gravidade do problema, mais da metade dos idosos
atendidos no consultório apresentam doenças típicas de quem está sofrendo
emocionalmente. São quadros clínicos diversos, motivados por solidão e
tristeza.
A frustração
sempre nos traz acanhamento, medo; enquanto a satisfação nos realiza e nos leva
a querer mais. A melhora da autoestima nos devolve a vontade de viver.
O simples fato
de um idoso passar a ajudar em pequenas coisas pode mudar completamente sua
visão de mundo e contribuir para o seu bem estar. Tarefas como por a mesa para
o café traz satisfações ligadas aos sentimentos de ser útil à família. A partir
e um movimento simples e corriqueiro, como o de colaborar nos afazeres
domésticos, uma pessoa recupera a motivação. O desejo de realizar tarefas pode
gerar novas conexões nervosas proporcionando um grande bem estar.
Portanto, devemos
ter o idoso como membro atuante dentro da sociedade, integrando-o a ambientes
sociais. Respeitar suas vontades e desejos pode fazer com que ele se expresse
de forma mais eficaz. No momento em que ele tiver liberdade para se expressar e
puder realizar os seus desejos, poderá assumir uma nova postura, uma nova colocação
dentro do convívio social e familiar.
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