sábado, 2 de fevereiro de 2013

Depressão na pessoa idosa

     A depressão não faz parte do processo de envelhecimento normal, ela é uma doença que pode acometer o jovem, o adulto ou a pessoa idosa. Sua incidência é mais comum entre as mulheres, na viuvez, nas pessoas idosas que vivem em instituição de longa permanência, em quem não tem companheiro, em quem teve pouca instrução, em quem já teve depressão antes ou mesmo em quem tem depressão na família.
 
     Existem situações que podem aumentar a probabilidade de desenvolver depressão como, a incapacidade física e ter de depender de outras pessoas; alguns medicamentos (inclusive remédios para dormir e para pressão alta); traumas psicológicos (devido a abusos, violências, guerras); aposentadoria; perda de ente querido; dificuldades financeiras; divórcio e algumas doenças crônicas, dentre elas: câncer, artrite, doenças cardiovasculares, neurológicas e distúrbios metabólicos. Isso não quer dizer que aqueles que têm ou que tiveram alguma dessas condições terão esta doença, mesmo porque, depende também da predisposição de cada indivíduo.
 
     O reconhecimento da depressão pode ser dificultado por problemas sociais ou pela coexistência de outras doenças. Tanto a própria pessoa quanto o médico podem atribuir incorretamente os sintomas depressivos ao processo de envelhecimento e à redução da expectativa de vida. Em geral, a pessoa idosa dá mais ênfase aos sintomas somáticos que ao humor depressivo.
 
     Durante a consulta, a atenção está mais voltada ao estado físico. Dessa forma, a depressão pode ser subestimada por ambas as partes e, consequentemente, não diagnosticada. Estima-se que apenas cerca de 10% dessa população que necessita de tratamento psiquiátrico recebe atendimento especializado.
 
     É importante que os familiares e ou cuidadores fiquem atentos quanto ao comportamento da pessoa idosa no dia a dia. Não é preciso estar chorosa ou isolada, ela pode apresentar outros sintomas como:
  • Tristeza: todas as pessoas têm momentos de tristeza que podem durar alguns dias ou semanas e por motivos específicos. O que chama atenção na depressão é aquela tristeza persistente que dura a maior parte do dia, todos os dias. A pessoa sente-se triste ou chora muito, por qualquer motivo.
  • Desinteresse: prazer ou importância diminuído por atividades que a pessoa gostava de fazer como, por exemplo, ir à igreja, fazer crochê, palavras cruzadas, ler jornal, cozinhar e atividades domesticas.
  • Irritabilidade: a pessoa perde a paciência com familiares e com o cuidador, e se aborrece por qualquer motivo. Não suporta mais barulho, muita gente entrando e saindo, os netos e a bagunça dentro de casa.
  • Isolamento social: a pessoa deprimida não quer sair de casa para passear ou interagir com familiares e amigos; ao contrário, prefere ficar em seu quarto, sozinha, até mesmo durante as refeições.
  • Dores: dores pelo corpo sem causa aparente ou sem diagnostico pode ser depressão. Um fato importante é que essas dores não aliviam com uso de remédios para dor, e podem ser motivos de queixas e lamúrias durante o dia e à noite.
  • Desânimo, fadiga ou perda de energia e fraqueza: a pessoa sempre se sente cansada, sem ânimo para nada e prefere ficar o dia todo na cama ou sentada de pijama na frente da televisão.
  • Sentimento de fracasso: pode sentir-se inútil, incapaz.
  • Pessimismo: sentimento de que tudo está ruim, tudo vai dar errado e sua situação nunca vai melhorar.
  • Alteração do apetite: diminuição ou aumento do apetite a maior parte dos dias com perda ou ganho de peso.
  • Distúrbio do sono: passa a dormir mal (insônia) ou dormir demais (hipersonia).
  • Agitação ou lentidão: sensação de inquietação e agitação ou, ao contrário, de estar mais lentificado.
  • Capacidade diminuída de pensar: dificuldade para se concentrar ou mostrar-se indeciso.
  • Alucinações: por vezes pode apresentar distúrbios alucinatórios como, por exemplo, enxergar pessoas que já morreram, ouvir vozes ou sentir cheiros estranhos e delírios. Estes sinais devem ser imediatamente relatados ao médico.
  • Pensamento frequente de morte: pode significar depressão importante. Ela pode até planejar sua morte e, em caso extremo, até tentar suicídio. Já o medo de morrer não é tão importante.
 
     A pessoa deprimida não deve ser discriminada ou rotulada como preguiçosa. A paciência nestes casos é fundamental, pois, o choro, a necessidade de alguém por perto e o medo podem se converte em irritação e agressividade. São exatamente nesses momentos que ocorrem os maus-tratos e a violência contra a pessoa idosa, cometidas geralmente por cuidadores ou familiares que não encaram a depressão como doença. Deve-se sim incentivá-la, mas jamais obriga-la a comer, a fazer atividades e a sair para passear, se ela não quiser.
 
     A depressão é uma doença que tem tratamento. Mesmo a pessoa mais deprimida pode ser tratada com sucesso, frequentemente em questão de semanas, retornando a uma vida mais feliz e gratificante. A melhora é frequente, mesmo quando as pessoas se sintam sem esperança e desamparadas.
 
     Quando a depressão não é tratada, pode levar a sérias consequências como diminuição de sua capacidade e independência, piora da memória, má qualidade de vida, ou até suicídio. O sofrimento da família leva-a, muitas vezes, a decidir pela internação em instituição de longa permanência para idosos.
 
     As estratégias de tratamento mais utilizadas são: a intervenção medicamentosa, a psicoterapia e a atividade física.
 
     Uma vez iniciando o tratamento, a medicação demora em torno de três semanas para começar a fazer efeito, então, tem que ter paciência. Se a pessoa idosa estiver melhorando, nunca suspenda a medicação porque ela pode ter uma recaída. O tratamento é longo e, às vezes, para o resto da vida. Logo, só o médico pode trocar ou suspender a medicação.
 
     A intervenção psicoterapêutica, preferencialmente com profissionais especializados em idosos, ajuda a identificar os fatores desencadeadores do processo depressivo, contribuindo para a orientação dos familiares, dos cuidadores e da própria pessoa idosa. Ela tem como objetivo proporcionar apoio emocional, reduzindo sua ansiedade e aumentando sua confiança e autoestima.
 
     A atividade física deve ser acompanhada, também por um especialista, para evitar outros transtornos, principalmente a queda, devido à fragilidade que a pessoa se encontra em decorrência da doença.
 
     Quando a pessoa idosa não for capaz de identificar o seu estado depressivo, cabem aos familiares e ao clínico, o reconhecimento do distúrbio e o encaminhamento para tratamento especializado.

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