Para
muitos idosos a queda é motivo de preocupação considerando-se a idade avançada.
Aproveito este espaço para fazer alguns esclarecimentos quanto aos “riscos de
queda”, suas consequências e os cuidados básicos que os idosos, seus familiares
e ou cuidadores devam adotar no seu dia a dia, uma vez que ainda é precário
esse tipo de orientação em nossa sociedade e de grande importância para a
segurança dessa população.
As quedas apresentam diversos impactos na vida de uma pessoa idosa e têm
como consequências as possíveis fraturas que podem levar à restrição de
atividades, declínio da saúde e aumento do risco de institucionalização. Além
do risco de danos causados à saúde física elas podem afetar a saúde psicológica
devido ao medo, à ansiedade, à insegurança e à dependência; como também a saúde
social levando-os ao isolamento em função das limitações de locomoção ou do
próprio receio de caírem novamente.
A grande preocupação é que as quedas acompanhadas de fraturas constituem
a principal causa de morte e invalidez, principalmente às pessoas com idade
superior a 75 anos. Aproximadamente um terço dessa população com mais de 65
anos que vive em comunidade cai a cada ano, número que aumenta para 50% em
torno dos 80 anos. As mulheres têm duas vezes mais chance de terem lesões
graves por causa da osteoporose (comprometimento ósseo) mais pronunciada e por
serem mais frágeis em relação aos homens. Elas apresentam maior prevalência de
doenças crônicas, maior exposição a atividades domestica e, além de tudo,
apresentam uma menor quantidade de massa magra e força muscular quando
comparado com homens da mesma idade. Elas atingem o pico de potência muscular
antes que eles, sofrendo o declínio mais precocemente.
As quedas ocorrem, em sua grande maioria, na própria residência que vão
desde o sentar e/ou levantar da cadeira, sofá e cama aos tropeços e
escorregões.
Muitas vezes, a cadeira, o sofá e a cama são desproporcionais às
necessidades do idoso, são baixos ou altos demais. Quando baixos, exige uma
maior força dos membros inferiores para executar a ação, e o idoso,
naturalmente, possui essa força diminuída. Quando altos, cria a necessidade de
deslocar-se para frente, o que pode leva-lo à queda.
Os tropeços acontecem normalmente em tacos soltos, tapetes, fios e
objetos espalhados pelo chão da casa e, em alguns casos, até mesmo um animal de
estimação.
Os escorregões advêm do revestimento do piso, muitas vezes liso,
desnivelado e sem antiderrapante. É importante ficar atento aos calçados com
solado de material escorregadio ou gasto, ou ainda, inapropriado ao pé do
idoso, isto é, grande ou pequeno, sem aderência no calcanhar, dificultando a
marcha e favorecendo a queda.
O banheiro é o “vilão de queda”, o chão muitas vezes escorregadio,
principalmente quando molhado; a altura padrão do acento sanitário se torna
baixo em função de sua mobilidade e a ausência de barras de segurança, tanto no
chuveiro quanto no vaso sanitário, para auxiliá-lo no sentar e levantar.
É importante prestar atenção no uso correto dos acessórios utilizados no
dia a dia como: bengala, muleta e andador. Estes quando desajustados (ponteira
de borracha mal encaixada e/ou gasta e tamanho inadequado), constituem-se em
risco físico, bem como podem contribuir de forma negativa emocionalmente,
gerando insegurança ao andar e, ao invés de auxiliar e proteger, surte efeito
contrário, predispondo-o à queda. A orientação, treino e adaptação a estes
instrumentos devem ser feito pelo profissional que o prescreve.
Outros equipamentos como cadeira de rodas e cadeira de banho, quando
usados inapropriadamente, com as rodas destravadas e mal posicionadas, ou mesmo
a má posição do suporte para os pés, pode causar tropeços e embaraços do membro
inferior.
A depressão também é um fator de risco de grande importância e que pode
estar presente antes ou após um episódio de queda. Os distúrbios depressivos envolvem
perda de energia e fraqueza; sensação de peso nas pernas; diminuição da
autoconfiança; indiferença ao meio ambiente; reclusão e inatividade; perda do
apetite e emagrecimento e alterações cognitivas que podem levar à queda. Após o
incidente, principalmente acompanhado de fratura, a depressão exerce um efeito
importante no agravo de várias doenças já existentes, predispondo a outros
males e, até mesmo, leva-lo à morte precocemente.
A queda pode acontecer também como forma de chamar atenção, é a “queda
deliberada”. O idoso, seja por conflitos psíquicos ou por razões reais, sente
necessidade de atrair a atenção das pessoas. A idade avançada é frequentemente
acompanhada de perdas e o sentimento de solidão é comum. O envelhecimento pode
acarretar acentuação de certas características da personalidade, dentre elas, a
carência de afeto em pessoas dependentes.
Penso que os idosos podem cair por descuido ou por incapacidade, o fato
de serem velhos não quer dizer que vão viver caindo. Eles não podem desanimar,
tem que ter força de vontade, não se entregarem e, acima de tudo, muito cuidado
com o modo de viver, paciência e resignação, principalmente se tiverem doenças
que não têm cura.
Aos familiares, cuidadores e profissionais da área de
saúde:
· Prestem mais
atenção às queixas dos idosos, especialmente àquelas relacionadas à vertigem,
desequilíbrio e alteração da marcha.
Observem
atentamente as condições ambientais do domicilio que é onde ocorre a maioria
dos acidentes, orientando-os e/ou providenciando as alterações ambientais como
medidas preventivas, dentre elas:
- Instalar corrimão nas escadas e banheiros.
- Manter a casa iluminada, principalmente à noite, próximo ao banheiro.
- Colocar um interruptor de luz próximo à cama.
- Manter uma cadeira no banheiro para facilitar a lavagem dos pés.
- Desimpedir o caminho mudando a mobília de lugar, principalmente as de quina.
- Evitar tapetes e aglomerados de objetos no chão.
- Utilizar tapete emborrachado no banheiro.
- Evitar o uso de banheira.
- Providenciarem números de emergência aos idosos, principalmente àqueles que vivem sozinhos.
- Monitorar o ambiente em busca de mudanças nas condições de segurança.
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