quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Queda em idosos

     Para muitos idosos a queda é motivo de preocupação considerando-se a idade avançada. Aproveito este espaço para fazer alguns esclarecimentos quanto aos “riscos de queda”, suas consequências e os cuidados básicos que os idosos, seus familiares e ou cuidadores devam adotar no seu dia a dia, uma vez que ainda é precário esse tipo de orientação em nossa sociedade e de grande importância para a segurança dessa população.
     As quedas apresentam diversos impactos na vida de uma pessoa idosa e têm como consequências as possíveis fraturas que podem levar à restrição de atividades, declínio da saúde e aumento do risco de institucionalização. Além do risco de danos causados à saúde física elas podem afetar a saúde psicológica devido ao medo, à ansiedade, à insegurança e à dependência; como também a saúde social levando-os ao isolamento em função das limitações de locomoção ou do próprio receio de caírem novamente.
     A grande preocupação é que as quedas acompanhadas de fraturas constituem a principal causa de morte e invalidez, principalmente às pessoas com idade superior a 75 anos. Aproximadamente um terço dessa população com mais de 65 anos que vive em comunidade cai a cada ano, número que aumenta para 50% em torno dos 80 anos. As mulheres têm duas vezes mais chance de terem lesões graves por causa da osteoporose (comprometimento ósseo) mais pronunciada e por serem mais frágeis em relação aos homens. Elas apresentam maior prevalência de doenças crônicas, maior exposição a atividades domestica e, além de tudo, apresentam uma menor quantidade de massa magra e força muscular quando comparado com homens da mesma idade. Elas atingem o pico de potência muscular antes que eles, sofrendo o declínio mais precocemente.
     As quedas ocorrem, em sua grande maioria, na própria residência que vão desde o sentar e/ou levantar da cadeira, sofá e cama aos tropeços e escorregões.
     Muitas vezes, a cadeira, o sofá e a cama são desproporcionais às necessidades do idoso, são baixos ou altos demais. Quando baixos, exige uma maior força dos membros inferiores para executar a ação, e o idoso, naturalmente, possui essa força diminuída. Quando altos, cria a necessidade de deslocar-se para frente, o que pode leva-lo à queda.
     Os tropeços acontecem normalmente em tacos soltos, tapetes, fios e objetos espalhados pelo chão da casa e, em alguns casos, até mesmo um animal de estimação.
     Os escorregões advêm do revestimento do piso, muitas vezes liso, desnivelado e sem antiderrapante. É importante ficar atento aos calçados com solado de material escorregadio ou gasto, ou ainda, inapropriado ao pé do idoso, isto é, grande ou pequeno, sem aderência no calcanhar, dificultando a marcha e favorecendo a queda.
     O banheiro é o “vilão de queda”, o chão muitas vezes escorregadio, principalmente quando molhado; a altura padrão do acento sanitário se torna baixo em função de sua mobilidade e a ausência de barras de segurança, tanto no chuveiro quanto no vaso sanitário, para auxiliá-lo no sentar e levantar.
     É importante prestar atenção no uso correto dos acessórios utilizados no dia a dia como: bengala, muleta e andador. Estes quando desajustados (ponteira de borracha mal encaixada e/ou gasta e tamanho inadequado), constituem-se em risco físico, bem como podem contribuir de forma negativa emocionalmente, gerando insegurança ao andar e, ao invés de auxiliar e proteger, surte efeito contrário, predispondo-o à queda. A orientação, treino e adaptação a estes instrumentos devem ser feito pelo profissional que o prescreve.
     Outros equipamentos como cadeira de rodas e cadeira de banho, quando usados inapropriadamente, com as rodas destravadas e mal posicionadas, ou mesmo a má posição do suporte para os pés, pode causar tropeços e embaraços do membro inferior.
     A depressão também é um fator de risco de grande importância e que pode estar presente antes ou após um episódio de queda. Os distúrbios depressivos envolvem perda de energia e fraqueza; sensação de peso nas pernas; diminuição da autoconfiança; indiferença ao meio ambiente; reclusão e inatividade; perda do apetite e emagrecimento e alterações cognitivas que podem levar à queda. Após o incidente, principalmente acompanhado de fratura, a depressão exerce um efeito importante no agravo de várias doenças já existentes, predispondo a outros males e, até mesmo, leva-lo à morte precocemente.
     A queda pode acontecer também como forma de chamar atenção, é a “queda deliberada”. O idoso, seja por conflitos psíquicos ou por razões reais, sente necessidade de atrair a atenção das pessoas. A idade avançada é frequentemente acompanhada de perdas e o sentimento de solidão é comum. O envelhecimento pode acarretar acentuação de certas características da personalidade, dentre elas, a carência de afeto em pessoas dependentes.
     Penso que os idosos podem cair por descuido ou por incapacidade, o fato de serem velhos não quer dizer que vão viver caindo. Eles não podem desanimar, tem que ter força de vontade, não se entregarem e, acima de tudo, muito cuidado com o modo de viver, paciência e resignação, principalmente se tiverem doenças que não têm cura.

     Aos familiares, cuidadores e profissionais da área de saúde:
 
·      Prestem mais atenção às queixas dos idosos, especialmente àquelas relacionadas à vertigem, desequilíbrio e alteração da marcha.
 
     Fiquem atentos aos medos relatados, mesmo daqueles que não caíram, auxiliando-os a criar estratégias de enfrentamento do medo e forma de se prevenir das quedas, podendo assim evitar o isolamento social e a síndrome do imobilismo.
 
     Orienta-os quanto ao uso adequado de vestuário como, por exemplo, evitar roupas muito compridas, largas, descosturadas, caindo quando em movimento, ou mesmo apertadas, dificultando a movimentação. Já os calçados, dar preferencia aos de solados antiderrapantes e fixos nos pés.
 
     Fiquem atentos para as respostas orgânicas especialmente quando fizerem uso de medicamentos como benzodiazepínico, antidepressivo, anti-hipertensivo e relaxante muscular.
 
     Busquem sempre informações junto aos profissionais de saúde sobre os efeitos colaterais dos medicamentos prescritos associados aos de uso contínuo.
 
     Fiquem atentos aos comprometimentos auditivos; visuais; nas mudanças de comportamento e no hábito alimentar.
 
     Estimulem a higiene diária, principalmente a bucal.
 
     Estimulem atividades físicas, mas sempre com orientação médica e fisioterapêutica.
 
     Diante um episodio de queda é prudente que os primeiros socorros aconteçam pelo SAMU – 192 (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). Não se pode prever a gravidade da queda.
 
     Observem atentamente as condições ambientais do domicilio que é onde ocorre a maioria dos acidentes, orientando-os e/ou providenciando as alterações ambientais como medidas preventivas, dentre elas:
 
  • Instalar corrimão nas escadas e banheiros.
  •  
  • Manter a casa iluminada, principalmente à noite, próximo ao banheiro.
  •  
  • Colocar um interruptor de luz próximo à cama.
  •  
  • Manter uma cadeira no banheiro para facilitar a lavagem dos pés.
  •  
  • Desimpedir o caminho mudando a mobília de lugar, principalmente as de quina.
  •  
  • Evitar tapetes e aglomerados de objetos no chão.
  •  
  • Utilizar tapete emborrachado no banheiro.
  •  
  • Evitar o uso de banheira.
  •  
  • Providenciarem números de emergência aos idosos, principalmente àqueles que vivem sozinhos.
  •  
  • Monitorar o ambiente em busca de mudanças nas condições de segurança.

Nenhum comentário: